Com realidades muito distintas em todo o país, a agricultura familiar também esbarra em velhos problemas: falta de assistência técnica para a transmissão de novas tecnologias, atravessadores e dificuldades na hora de oferecer garantias para os empréstimos.
"A melhor coisa que existe é lançar pacote. Mas o grande problema da agricultura, que é o preço dos fertilizantes, não foi atacado pelo governo no conjunto de medidas anunciadas pelo presidente", apontou o agricultor familiar Genésio Muller, de Planaltina, no Distrito Federal, avisando que vai reduzir a área plantada.
Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, o aumento do custo de produção é sério e deve perdurar. "Esse problema o pacote de crédito não vai resolver", confirmou, dizendo que o maior desafio do governo com o programa será levar tecnologia e crédito aos produtores familiares que produzem em condições de quase subsistência - situação distante dos agricultores familiares que têm produção integrada com empresas agropecuárias, como de frangos, suínos e leite. "São dois grupos muito diferentes. É esse segundo grupo que produz a maior parte dos alimentos", ressaltou. Ele não bota fé na capacidade de a agricultura familiar elevar rapidamente a produção em grandes volumes e com custos baixos para ajudar no combate da inflação. Mas o economista avalia que o governo está no caminho certo em dar apoio ao setor: "A idéia é generosa, mas sou cético".
Outro entrave é o fundiário. Muitos agricultores não têm a titularidade da propriedade. Sem a terra para oferecer como garantia real, tem dificuldades para obter o financiamento de tratores e máquinas agrícolas com descontos de até 17,5%, o grande chamariz do programa "Mais Alimentos", lançado pelo presidente no início do mês.
Só em Mato Grosso, cerca de 130 mil pequenos produtores rurais, entre posseiros, arrendatários e assentados da reforma agrária, devem ficar sem crédito, destacou o deputado Eduardo Moura (PPS-MT).
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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