Segundo a ABAG, o tema entrou definitivamente na agenda do setor. Lovatelli afirmou que o setor precisa ser mais pró-ativo nas questões ambientais, trazer a sociedade civil para discutir o tema, ao invés da postura histórica de reatividade que caracteriza não só o setor, mas o Brasil como um todo. "Temos de mostrar o que tem de correto sendo feito, mas também temos de identificar nossos erros e corrigir, trabalhando com as ONGs", disse.
O ARES é um exemplo de que o setor pretende mudar essa perspectiva histórica. Formado por entidades que representam os segmentos de cana-de-açúcar, café, citros, soja e milho, bovinos, aves, suínos e algodão, o ARES é uma entidade sem fins lucrativos que busca contribuir para o desenvolvimento da sustentabilidade, com ênfase na atividade agropecuária e agroindustrial brasileira. A entidade está focada no tripé geração de conteúdo, diálogo com a sociedade civil e comunicação.
Segundo Roberto Waack, iniciativas como essa são importantes porque os governos não podem dar mais as respostas cada vez mais complexas que a sociedade demanda. "Muitas vezes há procedimentos legais, em conformidade com as normas governamentais, mas insuficientes para atender às demandas dos consumidores", disse.
José Rezende, da PwC, mostrou que cada vez mais a sustentabilidade será fundamental para os negócios, não apenas sob a ótica ambiental, mas também sob a ótica social e econômica. "A primeira barreira comercial é a sanitária, mas logo se chegará às barreiras sociais e ambientais", prevê.
Laranja mostrou que a WWF está engajada em desenvolver uma agenda positiva para o setor. "A questão ambiental pode ser vista sob a ótica das ameaças, mas há também grandes oportunidades, e a escolha do caminho a seguir depende de cada empresa e setor", refletiu. Para ele, o ambiente de negócios em agricultura está mudando rapidamente e cada vez mais a agenda do Agronegócio se aproximará da agenda da Energia e do Aquecimento Global. "Há temas novos em jogo, como os efeitos das mudanças climáticas na distribuição geográfica da produção de alimentos e nos riscos de perdas de safra, afetando a indústria de seguros e bancos", informou.
Questionado sobre a necessidade de mais área para alimentar uma população que cada vez cresce e, fundamentalmente, consome mais, Laranja disse que se o país aumentar em 10% a produtividade do gado de corte, liberará algo em torno de 20 milhões de hectares, o que é mais do que suficiente para expandir a produção agrícola, sem necessidade de novas áreas.
Meire Ferreira, superintendente do ARES, mostrou como a abordagem multistakeholders tem sido usada em vários setores para discutir questões que transcendem à responsabilidade de cada individuo. "É preciso iniciar o diálogo com as partes envolvidas, identificar pontos em comum, colocar os "elefantes" na mesa", explica. Ela deu o exemplo das "mesas redondas", como a Round Table of Responsible Soy, que reúne os produtores, empresas e a sociedade civil para discutir práticas setoriais que estão alinhadas às exigências do mercado consumidor.
Lovatelli, da ABAG, e Laranja, da WWF, citaram o exemplo bem sucedido da moratória da soja, um modelo de governança multistakeholder particular, que tem sido um exemplo de relacionamento entre ONGs e indústria, com foco definido e relacionamento com o governo derivado de um prévio acordo entre os agentes, pressionando o poder executivo no cumprimento de suas atribuições de monitoramento. "Estamos todos no mesmo barco", finalizou Lovatelli.
Equipe AgriPoint
Rodrigo Belintani Swain
São Paulo - São Paulo - Produção de gado de corte
postado em 24/03/2008
A ecologia e a economia andam sempre juntos e participam do mesmo ecossistema. Uma produção sustentavel deve ser almejada sempre, e os produtores devem peneirar toda tecnologia existente hoje, para saber realmente o que é importante para obter uma boa produção. E ainda, para pensar,
"quanto mais se aumenta a produtividade, diminui a lucratividade do produtor".
Uma boa produção sustentavel produz muito a baixo custo.