A projeção é realizada a partir de um cenário de avanço do Brasil no mercado internacional, sobretudo entre 1995 e 2005, quando o país saltou do nono lugar no ranking de exportações mundiais da agroindústria para a quarta posição, o que representa um crescimento médio anual de 10,2%, o maior do mundo. De acordo com Fernando Garcia, coordenador técnico do projeto e responsável pelo desenvolvimento de conteúdo da FGV Projetos, a evolução está associada ao aumento da produtividade do setor no Brasil, cerca de 2% ao ano nas últimas décadas.
A pesquisa indica ainda que a China, atualmente o sétimo importador do segmento rural brasileiro, deve se tornar o segundo maior mercado para os produtos nacionais em 2030, atrás somente dos Estados Unidos. O estudo mostra uma queda na participação de nações ricas nas importações mundiais de alimentos e matérias-primas, e uma ampliação da parcela de países como China, Índia e Brasil. "A fatia chinesa passará de 12% para 17,4%", afirma Renato Gennaro, diretor executivo da Ernst & Young.
Existe ainda a previsão de que a renda familiar nos países pobres tenha um aumento significativo nos próximos anos. Os índices expressivos de crescimento nas faixas intermediárias de renda farão com que a procura por produtos mais sofisticados, como carnes e laticínios, seja maior. "A demanda vai se tornar mais exigente", comenta Garcia. No Brasil, a estimativa é de que o consumo das famílias aumente 3,8% anualmente e que a demanda por alimentos avance 3% ao ano, sendo 2,5% para alimentos in natura e 3,1% para produtos processados.
No que diz respeito à oferta, a pesquisa mostra que uma evolução em termos tecnológicos é fundamental para melhorar a produtividade e a qualidade do agronegócio mundial. Para Garcia, embora o crescimento da produtividade brasileira tenha sido satisfatório nas últimas décadas, o país ainda precisa de investimentos, não apenas para se tornar líder em novos segmentos, mas também para desenvolver o setor de forma sustentável.
Subsídios aos pequenos produtores
Os autores do estudo realizado por Ernst & Young e FGV Projetos afirmam que a política agrícola do governo federal terá de evoluir nos próximos anos para proteger os pequenos agricultores brasileiros da tendência de concentração no campo. Fernando Garcia, da FGV, divide os pequenos produtores entre os que sobrevivem da agricultura de subsistência, mais concentrados na região Nordeste do país, e aqueles que trabalham em pequena escala com produtos de alto valor agregado, como é o caso dos fumicultores gaúchos.
E aponta a experiência europeia de concessão de subsídios, condenada pelos agentes da "agricultura empresarial", como uma das poucas soluções viáveis para preservar os pequenos carentes da extinção. "É preciso um plano de médio e longo prazos, caso contrário viveremos um problema social", afirma Garcia. "É aí que entra o papel do governo", concorda Renato Gennaro, diretor-executivo da Ernst & Young.
Ressalva feita, sustentam Garcia e Gennaro, a liberdade de preços consolidada nas políticas adotadas na última década deve ser mantida, cabendo ao Estado o papel de orientador e formulador de estratégias capazes de garantir condições vantajosas de acesso ao crédito. Como foi feito no caso das máquinas agrícolas, contempladas com a criação do Moderfrota na virada de 1999 para 2000 e fundamentais para o avanço das vendas de lá para cá.
O estudo considerou os indicadores econômicos de 100 países que, no total, representam 97% do PIB - Produto Interno Bruto - mundial e 96% da população.
As informações são do Globo Rural e do jornal Valor Econômico, adaptadas e resumidas pela Equipe AgriPoint.
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