Para a realização dos cruzamentos em ovinos foram adquiridos, por meio do projeto, 12 reprodutores, sendo três carneiros de cada uma das quatro das raças: Santa Inês, Morada Nova, Cabugi e Dorper, acasalados com fêmeas mestiças Santa Inês. Para a primeira fase da Estação de Monta (acasalamento) foram destinadas 240 fêmeas e a previsão é de que em dezembro nasçam, aproximadamente, 360 cordeiros. O desmame dos cordeiros se dará aos três meses de idade e aos oito meses serão encaminhados para abatedouro do município de Delmiro Gouveia, o que deve ocorrer em agosto de 2014, quando se terá o primeiro resultado prático do projeto.
Os estudos têm a coordenação da professora Angelina Bossi Fraga, do curso de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias (Ceca), da Universidade Federal de Alagoas e além de melhoramento genético, contemplam também pesquisas nas áreas de Nutrição Animal e Bioclimatologia Animal, envolvendo docentes, alunos de graduação e pós-graduação em Zootecnia e Agronomia. Conta também com a participação de técnicos em desenvolvimento agropecuário responsáveis pelo acompanhamento dos eventos nas propriedades e fornecimento dessas informações (Banco de Dados) à equipe do projeto. Esses técnicos pertencem ao projeto Bioma da Caatinga da Fundação do Banco do Brasil.
Segundo Angelina, o projeto Cordeiro Verde visa também contribuir com o desenvolvimento sustentável da ovinocultura por meio da implantação de uma unidade operacional de produção na região sertaneja. Esse projeto tem o financiamento da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-Alagoas).
“O projeto, que contempla as áreas de pesquisa e extensão, vem atender uma demanda das instituições de fomento para proporcionar o desenvolvimento da região do semiárido alagoano por meio do fortalecimento de uma atividade econômica que seja de baixo risco. A cadeia produtiva do cordeiro verde engloba desde a criação do animal com técnicas apropriadas em cada fase do processo produtivo até a oferta do produto na mesa do consumidor”, frisa a coordenadora Angelina Fraga, também responsável pela Área de Melhoramento Genético Animal do curso de Zootecnia do Campus A. C. Simões.
Parceira no projeto, a prefeitura de Delmiro Gouveia está finalizando um Frigorífico Escola para onde serão destinados os animais produzidos para realização dos cortes especiais de acordo com a cultura da região. Caberá à equipe técnica recolher produtos para avaliação da qualidade da carne e conhecimento das características qualitativas e quantitativas das peles dos grupos genéticos utilizados no estudo.
Preservação da cultura regional
A pesquisadora Angelina Fraga destaca o objetivo maior do projeto de transformar a atividade desenvolvida informalmente pelo sertanejo em atividade lucrativa, gerando emprego e renda. Um viés importante do estudo é a preservação da cultura da região relacionada com a valorização e exploração sustentável dos recursos genéticos nativos, ou seja, raças ovinas e forrageiras nativas da caatinga. E nesse processo o que é importante para os pesquisadores é produzir um produto da caatinga com o sabor da caatinga.
Outro destaque feito por Angelina é que já está em estudo o potencial das variedades das forrageiras da região para a alimentação animal, porque a maioria dessa vegetação possui tanino, o que dificulta o aproveitamento pelo rúmen do animal. Para implementação do projeto, que teve início em 2011, foram feitas visitas à região, oficinas e palestras com os produtores e parceiros.
Ela enfatiza que o melhoramento genético animal deve ser associado à prática de convivência com o semiárido e é fundamental a participação dos produtores na exploração sustentável da caatinga. “Caberão aos produtores o planejamento para o plantio da palma forrageira e conservação das forragens nativas por meio da fenação, silagem e outras técnicas de armazenamento de alimentos. Na época de chuva deve ser realizado o aproveitamento de toda a forrageira e ela de ser armazenada adequadamente, conforme aplicação de técnicas apropriadas para o período de estiagem”, diz Angelina Fraga.
Resultados esperados
A conclusão do projeto está prevista para 2015 e os resultados esperados pelos pesquisadores são os seguintes: aproveitamento dos recursos genéticos locais; conhecimento dos recursos forrageiros locais e potencial nutricional; conhecimento do potencial de desenvolvimento ponderal dos grupos genéticos utilizados, das características de carcaça dos grupos genéticos utilizados e das características qualitativas e quantitativas das peles dos grupos genéticos utilizados; e custo de produção do Cordeiro Verde. Também há a expectativa que haja a disseminação de técnicas adequadas de produção de carne no semiárido, assim como o fortalecimento do arranjo produtivo local e atendimento do mercado de forma regular.
Estão como parceiros da ação a Secretaria de Agricultura do Estado; a Cooperativa dos Agricultores de Delmiro Gouveia (Coofadel); a Cooperativa de Consumo e Produção dos Criadores de Pequenos Animais de Santana do Ipanema (Copasil); Cooperativa Agropecuária de Campo Grande (Copeagro), o projeto Bioma da Caatinga da Fundação do Banco do Brasil.
Colaboram com os estudos específicos os seguintes docentes pesquisadores também professores do curso de Zootecnia do Campus A. C. Simões: Patrícia Beleen, vice -coordenadora do projeto; Aline Zampar, Fernando A. Souza, e Sandra Roseli Valério Lana. O projeto Cordeiro Verde conta também com o apoio da Pró-reitoria de Extensão (Proex), Pró-reitoria Estudantil (Proest) e Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (Propep), que contemplam os alunos pesquisadores com programas institucionais de bolsas (Pibic, Pibipi – Ação, Painter, Demanda social da Capes, Fapeal e Reuni).
As informações são da Assessoria de Imprensa da Ufal, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
Edmilson Lúcio de Souza Júnior
Campina Grande - Paraiba - Pesquisa/ensino
postado em 19/08/2013
Parabéns Angelina e equipe, a pesquisa contribuirá para a melhoria das condições de vida dos ovinocultores alagoanos.