Tatiana Pinheiro, economista do Banco Santander, projeta que a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinja 5,5% em 2011, um pouco menos que a alta de 5,8% estimada para este ano. "Mas as pressões serão as mesmas", prevê.
Para Bernardo Wjunisky, economista da Tendências, o ritmo de alta de preços dos alimentos em 2011 será mais moderado do que foi neste ano, em que houve um choque de oferta. Mas a comida deve continuar pesando nos índices de inflação. "Os alimentos podem subir menos em 2011, mas não devem recuar", calcula. Neste ano, os alimentos lideraram o ranking dos grupos de preços que mais subiram no IPCA, com aumento de 9%, seguidos pelas despesas pessoais (7,3%).
No primeiro trimestre de 2011, Tatiana observa que os aumentos de preços advindos dos cereais e das carnes poderão perder força por causa do início da safra, período de maior oferta. Mesmo assim, a perspectiva é de que o grupo alimentação continue pressionado porque certamente as chuvas excessivas do verão vão puxar para cima os preços de hortaliças e legumes.
Além disso, a forte demanda da China por commodities, especialmente as agrícolas, deve sustentar os preços da comida em níveis elevados em 2011. De janeiro até o dia 23 deste mês, as cotações das commodities agrícolas no mercado internacional, medidas pelo índice Commodity Research Bureau (CRB), subiram 25% em dólar e 22% em real, segundo Tatiana. Só neste mês, a alta em dólar foi de 8%. Por isso, novos repasses para os preços dos alimentos no varejo estão a caminho. "Mesmo com a entrada da safra, os preços devem continuar subindo", observa Wjunisky.
Também o movimento de desvalorização do dólar em relação a outras moedas reforça a tendência de correção para cima dos preços das commodities, que são cotadas na moeda americana no mercado internacional.
A matéria é de Márcia De Chiara, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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