Para ele, a baixa no preço das commodities é mais uma correção do que um ajuste apenas transitório. De acordo com o relatório, o mercado de matérias-primas está desinflando e pode acomodar-se nos níveis de preços dos últimos dez anos. "Os mercados começam a especular sobre o futuro dos grandes exportadores, entre os quais estão a América Latina, mas a idéia generalizada de que o destino latino-americano está fortemente ligado ao preço das matérias-primas, mudou. Nos últimos cinco anos, as exportações de bens primários representaram cerca de 45% do total embarcado. "No início dos anos 90, esse percentual era de 60%", compara o estudo.
O relatório considera três os fatores principais para a queda das commodities, sendo a especulação, o terceiro fator, atrás da moderação generalizada no crescimento econômico em praticamente todas as regiões do mundo (o que pressiona a demanda) e a normalização das condições de produção dos principais fornecedores de matérias-primas, como clima adverso e problemas políticos.
Coutino, acredita que se os preços das matérias-primas forem ajustados de acordo com a oferta e demanda, ou seja, aos níveis semelhantes aos dos últimos dez anos, o crescimento da América Latina será ajustado, passando dos atuais níveis, acima da sua taxa potencial - foi de 5,7% em 2007 - para a sua taxa de crescimento de longo prazo, que é de cerca de 4,5%.
Devido aos fortes fundamentos econômicos do Brasil, segundo o especialista da Moody's, e a baixa dependência das exportações primárias (45% total das exportações nos últimos cinco anos), o Brasil será capaz de manter um crescimento dentro de sua capacidade atual, que se situa entre 4,5% e 5%, mesmo numa fase posterior ao ajuste do preço das commodities.
Apesar da perspectiva positiva para o Brasil, no campo, o impacto da correção das commodities será maior que na Argentina e no Paraguai, por exemplo. A principal justificativa está no câmbio, segundo Flávio Roberto de França Júnior, diretor da Safras & Mercados. "O dólar nesses países vale mais de 3 vezes o valor da moeda local. Enquanto que, no Brasil, a relação é de 1,6 vezes", compara.
Assim, a estimativa é que, por exemplo, a safra de soja cresça mais nesses países que no Brasil. A projeção é de que área cultivada na Argentina e no Paraguai cresça 5%, mais que o dobro dos 2% esperados para o Brasil.
Fernando Pimentel, da Agrosecurity, acredita que a soja tem possibilidade de recuperação de preços no curto prazo no Brasil. Isso porque o saldo da safra 2007/08 está pequeno e deve haver correção para cima para estimular o plantio. "O preço em US$ 12 o bushel está muito abaixo do recorde de US$ 16, mas oferece uma rentabilidade mínima, em torno de 5%. Mas, o produtor terá que garantir produtividade para não fechar no vermelho", afirma Pimentel.
As informações são da Gazeta Mercantil.
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