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Argentina: carne ovina oferece oportunidade não aproveitada

postado em 25/02/2013

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Buenos Aires tem regiões com excelentes condições que permitiriam altos níveis de produção de carne ovina, mas isso não ocorre. No final do século XIX, ocorreu no país o que se conheceu como a “época de ouro” da produção ovina argentina. Nesse período, a província de Buenos Aires tinha um rebanho ovino de 52 milhões de cabeças, dado que superava em sete vezes o rebanho bovino da época. Até 1930, a atividade viveu seu apogeu, com boa demanda europeia de lãs e carnes.

A ovelha, como ocorreu em grande parte do mundo, acompanhou o homem no processo de colonização e população, sendo sustento de economias familiares por sua capacidade inigualável de fornecer simultaneamente carne, lã, couro e leite.

A primeira atividade desenvolvida por muitos imigrantes que se instalavam nas colônias rurais, como irlandeses e franceses, foi a ovina e até não muitos anos atrás, foi comum nos campos pampeanos que o setor ovino fosse escolhido pelos produtores jovens para iniciar-se na atividade pecuária.

Os tempos mudaram. Com o desenvolvimento das fibras sintéticas derivadas do petróleo, houve uma redução do rebanho mundial ovino e uma especialização nas produções de lã e carne. Na Argentina, o rebanho existente se concentra fundamentalmente na região patagônica.

O comércio internacional de carne ovina está dominado pela Nova Zelândia e Austrália que, juntos, são responsáveis por 70% do volume exportado e do abastecimento dos mercados mais importantes. Nesse contexto, a Argentina somente participa com uma pequena porção de mercado de exportação de carne ovina e o faz com um produto premium de alto valor, derivado das condições particulares de criação da Patagônia e de uma cadeia local que alcançou um bom nível de desenvolvimento, principalmente na zona sul da província de Santa Cruz.

A possibilidade de competir com os grandes membros em matéria de carne ovina está ligada ao desenvolvimento de uma cadeia de produção com altos níveis de produtividade (por exemplo, a Nova Zelândia tem o dobro da média de cordeiros obtidos por fêmea). Por vários fatores inter-relacionados, entre os quais, se destaca fortemente o aspecto ambiental, torna-se muito difícil conseguir esses níveis nos campos patagônicos.

A Argentina e, em especial, a província de Buenos Aires, tem regiões com excelentes condições que permitiriam alcançar altos níveis de produção. No entanto, isso não ocorre e é cada vez mais atípico encontrar produtores cuja principal atividade seja o ovino.

Vários fatores contribuem para essa situação, mas vale destacar a incerteza em matéria comercial que enfrenta todo o produtor que decide entrar na atividade. Poucos operadores industriais dedicados exclusivamente ao setor, falta de formação de mercados e preços de referência e bases de comercialização pouco claras parecem formar um quadro de situação em equilíbrio estável, cujo principal beneficiário é a comercialização informal, baseada no oportunismo e na assimetria de informação entre as partes. O setor ovino, como poucos outros no país, entre 2000 e 2003, realizou um processo de diagnóstico de limitantes e de formulação de propostas que desembocou na máxima aspiração de qualquer integrante de um setor produtivo: a sanção de uma lei específica que atenda sua problemática.

Esse instrumento, invejado por produtos de países mais relevantes que a Argentina em matéria ovina, deveria ser a coluna vertebral, o âmbito a partir do qual produtores e Estado, trabalhando em equipe, conseguem modificar a situação.

Em 2010 e 2011, obtiveram-se valores excelentes. Em 2012, os preços não foram bons, mas isso não é novidade para o produtor agropecuário que por definição, é um tomador de riscos. O que ele não quer é fazer isso em um marco de incertezas quanto às variáveis relevantes para o resultado de sua produção.

A reportagem é de Pablo Lima para o La Nación, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
 

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