"Não ouviram nossas demandas" - declarou o presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), Hugo Biolcati.
O governo Kirchner aceitou liberar a exportação de 3 milhões de toneladas de trigo este mês. Com essa autorização, os produtores rurais argentinos conseguiram sinal verde para vender ao exterior 7 milhões de toneladas de trigo da safra 2010-2011, estimada, inicialmente, em 10,5 milhões de toneladas. O Ministério da Agricultura deixou aberta a possibilidade de ampliar a cota em 1 milhão de toneladas, caso a safra alcance 14 milhões de toneladas, projeção otimista oficial. Mas, para os homens do campo argentino, é uma resposta insuficiente do governo.
"Com esse tipo de limitações os produtores não podem competir" - argumentou o presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA), Mario Llambias. Segundo ele, "a decisão do governo de aplicar cotas às exportações de grãos para controlar os preços no mercado interno deveria ser eliminada, como única maneira de dar impulso à competitividade do setor".
Os produtores rurais protagonizaram um dos conflitos mais graves já enfrentados pela presidente argentina desde que assumiu o poder, em dezembro de 2007. Nos primeiros meses de 2008, foram realizadas dezenas de manifestações, bloqueios de estradas e greves rurais, que praticamente paralisaram a economia por quatro meses. A crise foi desencadeada pela aprovação de decreto presidencial que modificou e, na prática, elevou os tributos cobrados aos exportadores de grãos.
A presidente terminou enviando um projeto de lei ao Congresso, que foi derrubado numa votação no Senado graças ao voto de minerva do vice-presidente e presidente da Casa, Julio Cobos. Desde então, Cristina e seu vice são inimigos. Este ano, Cobos deverá ser um dos candidatos à Presidência da oposição. Apesar deste precedente, a chefe de Estado argentina parece disposta a enfrentar uma nova guerra com os produtores rurais.
Na última terça-feira (11), Cristina pediu ao ministro do Trabalho, Carlos Tomada, que participasse da reunião no Ministério da Agricultura, para incluir na agenda de discussões a situação dos trabalhadores rurais. A iniciativa provocou a ira das autoridades do campo. "Seria bom que no encontro não se falasse só sobre a rentabilidade, mas também sobre a situação dos trabalhadores rurais", alfinetou Cristina.
As informações são do O Globo, adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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