"Nos sentimos agredidos. Vamos parar de comercializar produtos agropecuários", anunciou Mario Llambías, um dos líderes da "Mesa de Enlace", que reúne 250 mil agricultores, em particular os do rico Pampa Úmido.
"Devido à seca, os produtores perderam grande parte de sua produção", disse Carlos Garetto, dirigente patronal. Segundo o jornal "Clarín", de Buenos Aires, a greve terá início nesta sexta-feira e deve durar terça-feira (24) ao meio-dia, quatro horas antes de a ministra da Produção, Debora Giorgi, receber os presidentes das entidades que compõem a Mesa de Enlace.
"A gravidade da crise não permite mais adiamentos", anunciaram os agricultores que, no ano passado, puseram em xeque a presidente com greves e bloqueios de estradas, até conseguirem, no Congresso, derrotar uma proposta do governo de aumento dos impostos sobre as exportações agrícolas, em julho. A votação ficou empatada no Senado e o voto decisivo, contra o projeto do governo, foi dado pelo vice-presidente da Argentina, Julio Cobos.
A votação encerrou um conjunto de protestos dos produtores agropecuários argentinos, que teve início em março de 2008, quando foi decretado o aumento de impostos. Durante mais de 120 dias, os produtores decretaram um locaute rural, com tratoraços --bloqueios de estradas-- e suspensão da venda de alimentos, que levou a desabastecimento em várias cidades. Em apoio aos dois lados, milhares de pessoas foram às ruas.
Desta vez, no entanto, o protesto dos produtores acontece em um contexto internacional diferente. No primeiro semestre de 2008, o mundo vivia a inflação de commodities, com altos preços dos produtos agrícolas, mas a partir do segundo semestre, os efeitos da crise financeira derrubaram as cotações.
O governo destacou a crise econômica global no convite aos presidentes da Sociedade Rural (SRA), Hugo Biolcati, da Federação Agrária (FAA), Eduardo Buzzi, da Confederação Rural (CRA), Mario Llambias, e da Coninagro, Carlos Garetto. "A crise internacional coloca um desafio que exige [esforço] de todos para a preservação do trabalho e do emprego", diz o texto do convite, assinado pela ministra da produção. "O governo tem de responder às necessidades de todos, especialmente dos mais negligenciados."
Grande fornecedor mundial de alimentos, a Argentina registrou vendas externas em 2008 de quase US$ 35 bilhões em produtos agrícolas primários e agroindustriais; mais de 50% desse total corresponderam a impostos cobrados pelo fisco sobre as exportações.
As informações são da Folha Online, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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