"O preço externo da lã baixou em 60% este ano e a demanda segue se contraindo", disse o presidente da Sociedade Rural de Comodoro Rivadavia, Provincia de Chubut, Federico Pichl.
O setor ovino argentino está, então, sendo golpeado pela crise financeira internacional. Dados do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) indicam que, em 2008, a Argentina exportou 22.019 toneladas de lã por um valor total de US$ 106 milhões. As exportações de carne fresca foram de US$ 24,4 milhões. Os dados do último ano foram "muito bons", mas se basearam na safra de 2007/2008.
Para este ano, os valores são outros. Em Chubut, por exemplo, já se perderam 1,2 milhão de cabeças sobre um total de 4 milhões e a produção de lã e as parições também estão em baixa por causa da seca e das cinzas do vulcão Chaitén.
O pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) Bariloche, Guillermo Huerta, concorda com os prognósticos de Pichl. "Os números foram favoráveis até 2008, mas agora, não há reposição de gado e a oferta de carne está baixa".
Entre 1980-1990, o rebanho ovino argentino apresentou os valores mais baixos devido à queda internacional dos preços da lã e à falta de tecnologias disponíveis. Vários fatores ajudaram o setor ovino a sair desta situação. A saída da convertibilidade, a melhora na cotação da lã no mercado externo e a sanção da Lei 25.422 sobre recuperação da pecuária ovina, geraram um aumento progressivo do número de cabeças. Das quase 12 milhões de cabeças que havia em 2002 se chegou a 15 milhões de animais no último ano.
As exportações de lã, neste sentido, aumentaram cerca de 277% entre 2002 e 2008: de US$ 28,1 milhões a US$ 106 milhões. Os envios de carne fresca ao exterior, no entanto, subiram em 1.000% - de US$ 1,9 milhão para US$ 21,6 milhões entre 2001 e 2006.
Dentro do setor ovino da Argentina, a grande vedete é a produção de lã. Cerca de 80% da lã argentina é exportada a países como China, Uruguai e México. Com o mercado externo conquistado, agora os integrantes do setor estão tentando agregar valor a suas produções. Tanto é que somente 21% da lã é exportada como lã suja (sem processamento industrial) e os 79% restantes são exportadas cardadas e processadas (59%) ou lavadas (20%).
A tonelada de lã chegou a custar cerca de US$ 4.816 em 2008, 7,6% a mais que em 2007. A Colômbia chegou a pagar US$ 10.132 por tonelada. No entanto, estima-se uma baixa de 60%.
A tonelada de carne fresca chegou a US$ 3.781 em 2008,19,7% a mais que em 2007. A Alemanha é o país que pagou mais caro pelos produtos argentinos: US$ 5.381 por tonelada. Apesar disso, o setor ovino argentino exporta somente 30% da carne produzida.
A reportagem é do Infocampo, traduzida e adaptada pela equipe FarmPoint.
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