O destaque das estatísticas foi um aumento de 103% nos desembolsos lastreados na poupança rural, chegando a R$ 5,8 bilhões. Uma das ações do governo foi justamente elevar, de 65% para 70%, a parcela de aplicação obrigatória sobre a poupança no setor rural (exigibilidades).
Balanço fechado semana passada mostra elevação de 35,5% nos desembolsos de custeio do Banco do Brasil para o segmento empresarial e de 14% nos empréstimos a familiares. No total, o BB emprestou R$ 14,22 bilhões ao setor entre julho e novembro - resultado 27,6% superior aos R$ 11,15 bilhões de igual período de 2007. O Ministério da Fazenda estima que suas ações elevaram em R$ 19 bilhões a oferta de crédito ao setor desde o aprofundamento da crise.
Mesmo com estes desempenhos dos bancos operadores do crédito rural, os agricultores sustentam que os recursos não chegaram às mãos de quem mais precisa. Quem aderiu aos termos da última renegociação das dívidas rurais, anunciada em junho, ficou fora do radar dos bancos, que passaram a assediar aqueles que pagaram suas contas em dia. A questão cadastral passou a ser vital. Os bancos admitem ter ficado mais seletivos e avessos aos riscos embutidos no setor rural. O BB registrou elevação significativa dos riscos em sua carteira de R$ 60 bilhões no segmento rural. O índice passou de 13,8 em dezembro de 2007 para 14,5 no segundo trimestre deste ano.
O aumento nos riscos da atividade e o nível de inadimplência dos produtores já tinham levado as tradings, agroindústrias e fornecedores de insumos a recuar em seus financiamentos ao setor. A Bunge diz ter US$ 250 milhões em contratos não-cumpridos pelos produtores, informa a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Pequenas tradings também deixaram de antecipar recursos via Cédulas de Produto Rural (CPRs) para o custeio da safra.
A matéria é de Mauro Zanatta, publicada no Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.
PAULO LUIS HEINZMANN
SALVADOR DAS MISSÕES - Rio Grande do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 02/12/2008
Preferem acreditar em quem? Nos produtores e cooperativas ou no sistema financeiro? Chega a ser piada, pois aqui "na ponta de baixo" os recursos não estão chegando, e quando chegam, continuam vindo tarde e não consideram os aumentos no custo dos insumos, fazendo com que sempre falte dinheiro para fazer uma lavoura decente, e exigindo do produtor, na grande maioria descapitalizado, buscar recursos em outras linhas de crédito, mais caras, tornando-os reféns pela situação que se encontram.
Acreditem em Papai Noel que é mais fácil e agradável.
Abraços!
Paulo