O Congresso Internacional da Produção Pecuária teve como tema central "Integração, Oportunidade e Sustentabilidade". Neste evento foram abordados temas relevantes nas áreas de bovinocultura de corte, bovinocultura de leite e ovinocaprinocultura, com enfoque no produtor empreendedor e nas inovações tecnológicas e científicas que tem alavancado grandes descobertas nas respectivas áreas no país e no mundo. A realização do evento possibilitou a massificação do conhecimento e contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento sustentável dos setores produtivos do país.
O agronegócio baiano sempre contou com iniciativas desoladas na área de congresso e simpósios, mas sempre foi carente de um grande evento para o setor pecuário. O 1º Congresso Internacional da Produção Pecuária uniu cinco grandes eventos: 5º Congresso Internacional do Boi de Capim, 3º Encontro dos Produtores do Moderpec, 6º Encontro Nacional de Ovinocaprinocultores, 2º Encontro Nordestino dos Produtores de Leite e 1º Encontro dos Produtores do Geraleite.
Figura 1 e 2 - Folder do Congresso e participantes no primeiro dia do evento:
Na abertura do Congresso, Almir Mendes, presidente do Congresso Internacional de Produção Pecuária, disse que houve sensibilização de várias entidades para a concretização da união dos eventos. "O evento tende a crescer, congregar mais eventos e mais entidades. Em 2011, serão abordados outras atividades como avicultura, suinocultura e apicultura. A data do evento já está confirmada", afirmou ele.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (FAEB) João Martins da Silva Jr., falou que o evento é um marco na pecuária da Bahia. "Pela primeira vez conseguimos reunir cadeias de leite e carne de forma conjunta e sinérgica. A Bahia é um lugar de destaque na agropecuária, precisamos mostrar que o agronegócio pode alavancar a economia do país e a agropecuária da Bahia está crescendo muito". João também apresentou as fortalezas agropecuárias nas regiões da Bahia. "A pecuária na Bahia encontra perfeita condições de clima e solo e pode ter condições de dobrar o seu rebanho e se preparar para um novo patamar de produção. O governo deve pensar nas novas oportunidades que estão surgindo para a Bahia e buscar políticas eficientes para o que estado aproveite todas as oportunidades oferecidas pela globalização".
A primeira palestra foi concedida pelo Secretário da Agricultura da Bahia Eduardo Salles, que abordou o seguinte tema: "Uma nova estratégia para a pecuária baiana". Eduardo comentou que a Bahia possui um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil, o 2º maior rebanho de ovinos e o 1º maior de caprinos. "Apesar de termos grandes rebanhos, há extremos e discrepâncias. Temos o 3º maior rebanho leiteiro do Brasil, mas somos o 23º estado produtor de leite. Outra discrepância é na área de ovinocultura. Na Feinco (Feira Internacional de Ovinos e Caprinos) este ano, a Bahia foi muito bem premiada por sua genética, principalmente através da raça Dorper, porém, um dos principais frigoríficos do estado em Juazeiro pode fechar as portas a qualquer momento por falta de animais com carcaça adequada para serem abatidos".
Figura 3 - Eduardo Salles, Secretário da Agricultura da Bahia.
Na palestra, Eduardo expôs as ações realizadas pelo governo do estado e o planejamento estratégico para os próximos anos:
Ações realizadas pelo governo
1) Assistência técnica aos produtores (emissão de 320 mil DAP'S (declaração de aptidão ao PRONAF) e acesso do pequeno produtor as políticas públicas;
2) Reestruturação da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola) com a contratação de 420 técnicos, aquisição de 1500 computadores, aquisição de 500 veículos, etc;
3) Capacitação de técnicos e produtores;
4) Programa nacional de erradicação da febre aftosa;
5) Estabelecimento de cooperação técnica com o Estado do Piauí objetivando extinguir a zona tampão;
"A campanha de vacinação contra a aftosa realizada em maio deste ano alcançou o índice geral de 98,77% e de 99% na zona tampão, números que permitem ao Estado pleitear a mudança de status de zona tampão para zona de vigilância. Até o mês de setembro o Ministério da Agricultura deverá declarar o fim da zona tampão na Bahia. Estamos trilhando um caminho que nos levará a unir as "duas Bahias", a que produz, e a que está impedida de comercializar sua produção, incorporando 10 mil criadores a essa Bahia que produz e, no Piauí, mais 235 mil criadores", disse Salles. A zona tampão é uma área delimitada para proteger o status sanitário dos animais da zona livre de uma determinada doença, no caso da Bahia, contra a febre aftosa. O zoneamento baiano está localizado nas regiões Norte e Noroeste do estado, sendo composta por oito municípios.
6) Informação de toda a rede de serviços da ABAB - emissão de GTA'S eletrônicos (guia de trânsito animal);
7) Adesão as sistema brasileiro de inspeção (SISBI);
8) Certificação de propriedade livre de brucelose e tuberculose;
9) Implantação de 15 novos frigoríficos do Projeto de Regionalização e Descentralização das unidades frigorificas de abate (capacidade de 100 animais/dia);
10) Articulação com agentes financeiros na criação de linhas de crédito específicas para a pecuária;
11) Implantação de 13 novas unidades de beneficiamento de leite;
12) Apoio e regionalização de feiras e exposições agropecuárias em todo o estado;
13) Melhoramento genético (implementação do centro de inseminação artificial de ovinos e caprinos e distribuição de matrizes e reprodutores);
14) Cem tanques de resfriamento de leite para agricultores familiares estão sendo implantados;
15) Comercialização (apoio para a fundação da central das cooperativas de agricultores familiares, compra institucional o leite através da EBAL (Empresa Baiana de Alimentos) e CONAB e inclusão do leite na merenda escolar.
Planejamento estratégico
1) Instalação das câmaras setoriais da cadeia produtiva da pecuária;
2) Assistência técnica: integrar todos os programas de assistência técnica e gerencial existentes, convênios (governo federal, governo estadual, governo municipal e sindicato rural) e ação participativa da indústria local e do produtor;
3) Defesa sanitária: alcançar status livre de aftosa sem vacinação, cadastramento e georeferenciamento do rebanho caprino e ovino, iniciar a vacinação contra a linfadenite caseosa, descentralização das ações delegadas através do sistema único de atenção a sanidade agropecuária (SUASA);
4) Infraestrutura: acessar os processos de eletrificação das cooperativas e associações de produtores, promover a criação de patrulhas mecanizadas para a melhoria das estradas vicinais para melhor escoamento, finalização da implantação e credenciamento do laboratório de leite (rede brasileira de qualidade do leite), implantação de 800 tanques de resfriamento (de 1000/2000 litros), implantação de 16 laticínios em novas bacias leiteiras e modernização do parque frigorífico do estado;
5) Pesquisa e marketing;
6) Melhoramento genético: expansão dos projetos;
7) Abertura de novos mercados: mercado interno e externo (o frigorífico Bertin em Itapetinga já está habilitado para exportação e o frigorífico Fribarreiras em Barreiras está em fase final de habilitação);
8) Outras ações: valorização e fortalecimento do associativismo no setor pecuário na Bahia.
Eduardo finalizou a palestra dizendo que as discussões do congresso, que está na sua primeira edição, serão amplas e de interesse nacional. "Os desafios são grandes. Serão três dias decisivos, com discussões importantes para a cadeia da pecuária brasileira".
Em breve, publicaremos mais notícias e entrevistas do 1º Congresso Internacional de Produção Pecuária.
Equipe AgriPoint
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