"O único lugar onde poderia existir alguma recuperação é na Austrália, onde se prevê que o rebanho ovino cresça em 1 milhão de cabeças e chegue a 70 milhões de cabeças, mas, de todas as formas, terá mais peso a produtividade da lã por cabeça que o volume", estimou o chefe de informação e análise econômica do Secretariado Uruguaio de la Lana (SUL).
No entanto, dentro da recomposição do rebanho ovino australiano, a grande dúvida é que haverá um forte componente de carne ovina. Isso porque, nesse país, as ovelhas Merino são cruzadas com raças de carne buscando mais carne e isso faz com que nem toda a recuperação do estoque seja atribuída à produção de lã.
A Associação Americana da Indústria Ovina disse que a produção mundial de lã deve ser levemente superior e isso acontecerá por uma maior produção da Austrália, China, África do Sul, Reino Unido e Uruguai. Paralelamente, prevê-se quedas na produção da Nova Zelândia, Argentina e Estados Unidos, consequência direta surgida da combinação de um menor número de cabeças com condições climáticas desfavoráveis.
As últimas previsões disponíveis da consultora indicam para os principais países produtores que o aumento na produção mundial será muito leve, apenas chegaria a 0,7% até alcançar 1,112 milhão de quilos de lã limpa.
Porém, para Salgado, o dado mais valioso é que a nível de cadeia têxtil - desde o importador de lã suja até o que chega ao consumidor através de roupas - não há estoques da fibra e isso é o que fortalece os preços.
"Nos últimos tempos, esses estoques têm caído a seus níveis mínimos de atividade fabril. Os volumes produzidos estão nos níveis mais baixos e os sinais de recuperação da Austrália não são muito fortes".
No Uruguai, são poucos os negócios que se concretizaram e a safra está praticamente fechada, devido à diferença entre oferta e demanda.
Para o operador de lã, Gonzalo Barriola, os preços são bons e, pelo menos no mercado internacional, parou-se a queda brutal. Ele disse que o estoque local não se recuperará rápido, porque no Uruguai o ovino nunca foi prioridade, embora hoje o mirem com outros olhos pelo valor da carne ovina.
Por outro lado, considerou que todos os vaivens de preços que teve o setor têxtil no mercado mundial se deveram "às mudanças nas moedas que estão ocorrendo atualmente", mas destacou que há demanda mundial de lã.
A produção uruguaia de lã teve avanços substanciais na última década quanto à qualidade. O avanço mais importante foi o afinamento do diâmetro da lã. "Há uma tendência, porque o mercado pede isso, de produzir lãs com diâmetros menores nas diferenças raças ovinas, tanto a nível de lãs médias como de lãs finas, com maior avanço", disse Barriola.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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