Com o aumento, o País volta a conviver com juros de dois dígitos após a Selic cair, pela primeira vez na história, para um dígito há exatamente um ano, em junho de 2009. A alta do juro tem como objetivo tornar o crédito mais caro e, assim, reduzir a velocidade de expansão da atividade econômica. O comunicado divulgado ontem (09) repetiu as explicações dadas em abril, quando começou o processo de aumento do juro ao alertar para ação que deve "assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas".
Entre os analistas, prevalece a aposta de que o juro deve subir 0,75 ponto duas outras vezes, em julho e setembro. Assim, a taxa termina o ano em 11,75%, já que não haveria novas altas em outubro e dezembro.
Feito histórico comemorado pela equipe econômica, a Selic, por pouco, não chegou a completar hoje seu primeiro aniversário marcando um dígito. Em 10 de junho de 2009, o Copom anunciou a queda da taxa em 1 ponto, para o patamar inédito de 9,25%. Na época, o Brasil ainda reagia contra os efeitos da crise e o governo tentava amenizar o impacto da recessão que atingiu praticamente todos os países, especialmente os mais ricos. Para isso, o BC reduzia o juro para incentivar o consumo.
Sonho de Lula. No início do atual governo em 2003, quando a Selic era de 26%, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer que a taxa de um dígito era um "sonho da equipe econômica". O patamar tão sonhado, porém, ficou para trás. Exatamente um dia antes do primeiro aniversário da Selic de um dígito, a taxa subiu e retornou à casa dos 10%. Curiosamente, o juro sobe porque as ações de combate à crise foram bem-sucedidas. Com a forte reação da economia brasileira, a demanda avançou em passos bem mais rápidos do que a capacidade de aumento da produção.
O descompasso começou a pressionar preços e a inflação que ficou em 4,31% no ano passado deve fechar 2010 próxima de 6%, perigosamente perto do teto da meta de inflação, que é de 6,5%. "A economia continua crescendo e há uma parte relevante da inflação que é relacionada com a demanda aquecida, como o aumento do preço de serviços", diz o professor de economia da USP Fabio Kanczuk. No início de maio, o BC já havia alertado que o Brasil estava diante de um "virtual esgotamento" do aumento da capacidade de produção das fábricas. Hoje, um mês depois, indicadores mostram que o uso da capacidade produtiva continua em trajetória crescente.
Kanczuk argumenta que o BC, como guardião do poder de compra da moeda, precisa desacelerar a economia para evitar o aumento descontrolado dos preços. "Agora, é preciso reverter o quadro porque a economia reagiu rápido. Por isso, o juro continuará subindo até um patamar considerado neutro, que não influencia o ritmo da economia para melhor nem para pior."
Para o professor da USP, o juro de um dígito não deve voltar tão cedo. Segundo ele, é muito difícil que isso aconteça em 2011 pelo risco de repique da inflação. "Mas o Brasil terá de ter Selic mais baixa no longo prazo porque o risco país é muito mais baixo que no passado."
A matéria é de Fernando Nakagawa, publicada no Jornal Estado de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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Joseph Crescenzi
Itaipé - Minas Gerais - Produção de café
postado em 11/06/2010
O déficit na capacidade produtivo do Brasil deveria ser suprido por importação, não por redução de demanda. Assim seria um passo importante para o ingresso definitivo no Mundo Real e daria ao USD$ seu preço de equilíbrio. A redução dos impostos sobre importados, e domésticos, irá estimular nossas fábricas a serem competitivos e os consumidores mais evoluídos.