Para os ex-ministros, um sul-americano no comando da FAO permitiria que a região, que já é uma produtora agrícola das mais expressivas e tem grande potencial para ampliar a oferta, tivesse um representante no órgão da ONU à altura de sua importância. "Faz 16 anos que um senegalês [Jacques Diouf] está à frente da FAO. Antes disso, foram 16 anos de um libanês [Edouard Saouma]. São pessoas competentes, mas não são de países agrícolas", afirmou Roberto Rodrigues, que foi ministro nos primeiros anos do governo Lula.
"Caberia ao WAF propor que um brasileiro seja o novo presidente [da FAO]", acrescentou Rodrigues, lembrando que essa é uma decisão de governo. O evento de maio, o primeiro promovido pela organização não-governamental na América Latina, deverá discutir metas de produção agropecuária em um contexto que inclui a América do Sul, como aquela capaz de dar uma resposta à crescente demanda global por alimentos.
Rodrigues disse já ter conversado com representantes do governo brasileiro sobre o assunto. "Aparentemente, houve uma aceitação razoável". Para ele, seria necessário "melhorar a gestão da FAO, reformá-la e transformá-la naquilo para o que ela foi criada: um organismo que trate de agricultura e alimentação". Rodrigues, ressaltou que já tem um candidato para sugerir: o pesquisador e ex-presidente da estatal Embrapa, Silvio Crestana.
Segundo a FAO, a demanda global por alimentos crescerá 70% até 2050. E a entidade ainda prevê que os países sul-americanos e a África subsaariana serão as regiões com maior capacidade de atender aos novos consumidores de países emergentes, que liderarão o crescimento da população global.
Também presente, Pratini de Morares, ex-ministro da Agricultura no governo Fernando Henrique Cardoso, afirmou que o Brasil teria pelo menos seis nomes em condições de disputar a direção da FAO. Pratini reforçou que é preciso reformar a FAO, que "gasta 42% de seu orçamento com a sua sede".
Segundo Rodrigues, se o Brasil quiser mesmo ocupar a cadeira mais importante da FAO, é importante que estruture logo sua candidatura. O diplomata e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, por sua vez, afirmou que um órgão como a FAO poderia ter uma atuação mais forte em questões relacionadas ao comércio mundial, visando à queda de barreiras.
A reportagem é de Roberto Samora, para o jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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