Para os quatro últimos ex-ministros da Agricultura brasileiros, existem muitas medidas a serem tomadas, desde a ampliação dos investimentos em tecnologia voltada ao desenvolvimento da produção, até a reformulação da estrutura de crédito rural, passando pela intensificação das negociações para a abertura de novos mercados para os produtos nacionais no exterior e uma postura mais contundente em defesa das condições sanitárias e ambientais do agronegócio no país.
É em defesa desses interesses que Francisco Turra, Pratini de Moraes, Roberto Rodrigues e Luis Carlos Guedes Pinto, que se sucederam à frente do Ministério da Agricultura de 1998 a 2007, deixaram a Pasta mas continuaram diretamente envolvidos com o setor, em universidades, centros de pesquisa, entidades setoriais, bancos ou empresas, em cargos executivos ou em conselhos de administração. Eles acreditam que o agronegócio brasileiro pode aproveitar melhor o que já conquistou para acelerar novos avanços.
Todos concordam que agronegócio brasileiro precisa apressar a modernização e a profissionalização em curso para tornar-se menos vulnerável a guinadas econômicas como a atual. "É preciso reformular o modelo de política para a agricultura. Todo o ano temos as mesmas discussões sobre como financiar a agricultura, e isso não é mais possível", afirma Guedes Pinto, hoje vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, principal financiador do campo nacional.
Atualmente,os produtores agropecuários buscam mais ou menos um terço dos recursos necessários para o seu financiamento no sistema financeiro, o mesmo tanto com indústrias fornecedoras de insumos ou tradings e para o terço restante usa recursos próprios. Em caso de atrofia em qualquer dos vértices desse tripé, é problema na certa. "Temos que rever, diversificar e ampliar essas fontes de financiamento garanti regularidade de renda ao produtor", afirma Guedes Pinto.
Roberto Rodrigues, também acredita que faltam recursos baratos aos agricultores, apesar do aumento da oferta de crédito com juros controlados nas últimas safras. Rodrigues que hoje é presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e "embaixador do etanol", acredita que uma maior eficiência em políticas como a que envolve os estoques públicos, que voltaram a ganhar importância global com a chamada "agroinflação", é uma das saídas para garantir o desenvolvimento do setor.
"Aprendi que os negócios envolvendo o Ministério da Agricultura deste país se resolvem no Ministério da Fazenda", afirma Antonio Cabrera, ministro da Agricultura de Fernando Collor entre 1990 e 1992 comentando sobre a melhoria na distribuição de crédito e nas políticas públicas de sustentação de preços e oferta. Em seu mandato foi aprovada a Lei Agrícola e o governo começou a aprofundar as discussões de temas como a adoção de medidas antidumping no comércio exterior e o impacto ambiental da produção, hoje fundamentais para o garantir o gigantismo brasileiro no setor.
Na frente comercial, a semente plantada rendeu os maiores frutos já colhidos pelo país na gestão de Pratini de Moraes, que conduziu, assessorado por Pedro de Camargo Neto (hoje presidente da associação que reúne exportadores de carne suína) a abertura de dois comitês de arbitragem na Organização Mundial do Comércio (OMC), contra a União Européia pelos subsídios ao açúcar e contra os EUA pela ajuda ao algodão. Ambas as disputas foram vencidas posteriormente pelo Brasil.
Pratini, que hoje é membro do conselho de administração de companhias como JBS e Cosan, além de representar o país em comitês internacionais ligados a alimentos, se recusa a aceitar calado os ataques externos às condições da produção interna. "Temos que continuar o combate ao protecionismo sanitário. Não basta nos defendermos das críticas descabidas, temos que atacar as mazelas desses críticos", afirma.
"O processo de evolução do setor no Brasil foi muito grande. Daí a necessidade de se construir uma política mais agressiva, em linha com a nossa competitividade. Afinal, o agronegócio é a base para o Brasil driblar a crise mundial atual mais rapidamente", afirma Francisco Turra, hoje na presidência da associação que reúne exportadores de carne de frango.
De maneira geral questões como crédito, comércio exterior, sanidade e meio ambiente, são apontadas por todos como os ponto mais importantes a serem trabalhados, a dependência de insumos importados, a elevada carga tributária e a infra-estrutura deficiente como outras mazelas também precisam ser urgentemente tratadas. E todos elevam o tom para pedir investimentos em pesquisa e desenvolvimento, principalmente no fortalecimento da Embrapa.
A matéria é de Fernando Lopes e Mônica Scaramuzzo, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
Estêvão Domingos de Oliveira
Caçu - Goiás - Médico Veterinário - Consultoria/Extensão
postado em 13/10/2008
Acredito que todos os fatores enumerados acima são fundamentais para que o Brasil se afirme como superpotência agrícola. Entretanto é necessário infraestrutura de base. A logística brasileira ainda está ineficiente e o modal de escoamento da maior parte da safra ainda é o rodoviário, sabidamente um dos mais caros.