A taxa média de variação anual da produtividade nesse período recente é consideravelmente superior aos 2,85% registrados entre 1990 e 1999 e aos 2,25% observados entre 1980 e 1989. O coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, José Gasques, um dos autores do estudo, explica que os principais fatores que impulsionaram esse bom desempenho foram a política de crédito e os investimentos na pesquisa agropecuária. "O financiamento para a compra de insumos e capital, como máquinas, fertilizantes e defensivos, além do trabalho desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foram essenciais para que o país crescesse em produtividade", comenta.
Dois momentos importantes no crédito rural foram as décadas de 1970 e 1980, épocas de formação e acumulação de capital, e o período dos anos 2000, durante a criação de programas e linhas de crédito para a modernização do setor, como o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota). Entre 2000 e 2009, o volume de crédito rural concedido a produtores e cooperativas aumentou 153%, em valores reais.
O desenvolvimento de variedades agrícolas mais produtivas, resistentes às mudanças climáticas e adaptadas ao meio ambiente, foi um dos resultados obtidos pela pesquisa agropecuária nos últimos 35 anos. Essas ações também foram decisivas para alavancar o setor agropecuário, em especial a produção de grãos. "O período analisado coincide com a expansão da ocupação do Cerrado e da produção de grãos naquela área, que foram, em grande parte, propiciadas pela Embrapa", afirma o coordenador.
O estudo corrobora, ainda, que a produtividade brasileira não é influenciada pelo avanço da área, seja de lavouras ou pastagens. Ao longo do período estudado, a área passou de 209 milhões para 219 milhões de hectares. Entre 1975 e 2009, a produção de grãos no Brasil aumentou 240%, enquanto a área foi expandida em 44%. "Esse é um dos exemplos mais notáveis do crescimento da produtividade agrícola", defende Gasques.
Do mesmo modo, a produção de carne bovina (peso de carcaças) por hectare de pastagem aumentou de 10,8 para 42,3 quilos por hectare nas últimas três décadas. A produção total de carne passou de 2,7 milhões para 19,5 milhões de toneladas entre 1975 e 2009, ou seja, aumentou sete vezes.
O uso de tecnologia também teve grande incremento nesses últimos 35 anos. Gasques destaca que a aplicação de fertilizantes em lavouras permanentes e temporárias, passou de 45,6 para 123,3 quilos por hectare no período estudado, enquanto o número de máquinas agrícolas utilizadas passou de 334,8 mil, em 1975, para 528,65 mil, em 2009. "Esses números ajudam a representar os acréscimos de produtividade agropecuária observados nos últimos anos no Brasil", avalia.
Foram utilizadas para os cálculos de produtividade informações de 35 produtos das lavouras permanentes, 31 das culturas temporárias e os dados sobre abate divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Confira tabelas sobre a produtividade do Brasil e dos Estados Unidos e a evolução da produtividade da agricultura brasileira.
A matéria é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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