A média de itens comprados a cada visita ao mercado caiu de 44, em 1998, para 23, em 2004, e 8, em 2010.
A inflação controlada desobriga o brasileiro de comprar em grande quantidade para se proteger da disparada dos preços, como era comum até o início dos anos 90. Além disso, fatores como comodidade, falta de tempo e trânsito engarrafado explicam essa mudança de comportamento, afirma a pesquisadora do Provar (Programa de Administração do Varejo) Ana Caroline Fernandes.
Isso leva as empresas a investir em unidades mais enxutas, onde a menor dispersão dos produtos permite economizar tempo, diz Fernandes. Ela ressalta que os hipermercados não estão perdendo mercado. "O consumidor privilegia os mercados próximos para comprar produtos perecíveis. Os demais, ele adquire mensalmente em lojas mais distantes e baratas."
Fernandes observa que, entre os mercados maiores, as redes de "atacarejo" (que vendem para comércios menores, mas também atendem o pequeno consumidor) atraem as classes C e D, em busca de preços melhores.
Já os hipermercados têm investido cada vez mais em serviços, como farmácia, lavanderia e restaurante, visando as classes A e B. "Estão virando minishoppings", resume ela.
Segundo o presidente da Popai, Chan Wook Min, o objetivo é reter o cliente pelo máximo de tempo na loja, potencializando os ganhos com compras por impulso. A pesquisa mostra que o brasileiro compra em média um quarto a mais do que planeja. Para ele, o aumento dos divórcios e as mudanças na divisão de tarefas domésticas explicam a maior frequência de homens nos mercados (32% ante 23%).
A pesquisa mostra ainda que a alta da renda das classes C e D provocou o aumento do grupo que paga em dinheiro (58% em 2010, ante 45% em 2004).
A reportagem é de Mariana Schreiber, para o jornal Folha de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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