"Olá a todos,
Esta é mais uma discussão importante e séria, pois todos sempre encontram uma maneira de justificar algo que não está bom ou não funciona direito, geralmente colocando as causas ou a "culpa" em algo ou alguém! Na minha opinião somos todos responsáveis.
O CEO de um dos maiores frigoríficos de ovinos do mundo (Alliance Group Limited) me perguntou: "Bruno, como o Brasil paga um dos maiores preços do mundo pelo cordeiro e ainda assim a atividade não se desenvolve?" A resposta: "Acredito que uma das explicações se deva ao fato do produtor não saber o quanto custa produzir e a cadeia utilizar este fato para explorar os altos preços pagos pelo produto nos grandes centros...."
Pensar em popularizar o consumo, mais uma vez, em minha opinião é uma estratégia muito, muito errada, pois se com preços altos no mercado devido à forte demanda o produtor acredita que recebe pouco, imaginem com preço baixo para "popularizar o consumo".
Para equilibrar os preços ao produtor com os preços pagos pelo consumidor final, em minha opinião, teremos que primeiramente nos organizar como produtores eficientes (kg de cordeiro/ovelha/ano), conhecer profundamente nossos custos (R$/kg de peso vivo de cordeiro), produzir bons animais com excelente qualidade para podermos ofertar ao mercado (frigoríficos e consumidor final) carcaças de alto rendimento em músculo e adequado acabamento de gordura, que irão resultar em alto aproveitamento na indústria e carne de alta qualidade.
Depois, nos organizar em termos de escala através de grupos de produtores, associações que falem a mesma língua, que tenham os mesmos princípios e objetivos e etc. E em seguida estabelecer acordos e parcerias com frigoríficos que aceitem remunerar por qualidade. Mas que qualidade? Qual é o nosso padrão de qualidade? Que peso? Que nível de acabamento? Que idade e etc...... PRECISAMOS DE UM PROGRAMA DE TIPIFICAÇÂO E QUALIFICAÇÂO DE CARCAÇAS OVINAS!
Em países com ovinocultura estruturada o produtor há quase uma década já recebe pelo rendimento em músculo de suas carcaças, pelo tamanho das mesmas e acabamento. Isto exige maquinário muito caro, programas sérios de melhoramento genético e assistência e ainda investimentos em gestão das propriedades, capacitação de produtores e mão de obra. Quem irá pagar por isso?
Atualmente nossa referência para a ovinocultura são as feiras, exposições e leilões. Gostaria de sugerir que uma pequena parte da renda obtida nas exposições, julgamentos, leilões de animais caríssimos, que aparentemente são tão importantes para a atividade, seja destinada para isso. Vamos sugerir que uma pequena parte dos valores pagos às associações de raça ou de criadores para os registros genealógicos seja destinada para isso. Vamos sugerir que as enormes quantidades de medicamentos, sal mineral, ração balanceada e etc. destinem x% para o desenvolvimento da atividade de maneira séria e profissional.
Concordam que estaremos pagando por isso?
Abraço a todos".
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Bruno de Barros Ribeiro de Oliveira
Belo Horizonte - Minas Gerais - Produção de ovinos
postado em 09/02/2011
Prezado Xará, excelente comentário. Penso dessa mesma forma. Morei na Austrália por 3 anos trabalhando exclusivamente com ovinos, estive por 1 ano e meio dentro de um dos maiores frigorifico exportador daquele país - Flecther International Export Pty. Saber o real custo de produção são poucos que sabem no momento em nosso país, e por este motivo continuamos a perder mercado para o uruguai, claro, produzem mais barato!!!! Genética - esse ponto é fundamental para o desenvolvimento de qualquer raça animal, sem dados, indices, nenhuma atividade agropecuária vence suas barreiras. De um outro lado, fico muito feliz em ver que existem pessoas sérias, com pensamentos corretos dentro da cadeia produtiva.
Mais um vez, parabenizo pelo comentário.
Att,
Bruno de Barros - www.idavale.com.br
Zootecnista - Sócio - Administrador da Ida Vale Brasil