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Bruno Santos comenta sobre foco na produção de carne ovina

postado em 10/10/2011

5 comentários
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Bruno Fernandes Sales Santos, produtor de ovinos, mestre em zootecnia, da Aries Reprodução e Melhoramento Genético Ovino - Abacus BioLimited enviou uma carta ao debate proposto pelo FarmPoint "Foco na produção de carne ovina?. Abaixo leia o comentário na íntegra.

"Parabenizo os comentários bem colocados e com visões distintas do mesmo problema. Continuamos em situação de retração do crescimento do rebanho e estagnação produtiva, ao mesmo tempo em que os preços internacionais sobem e a demanda, por carne ovina, cresce em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil.

Os preços internos estão altos e não deverão recuar, pois não existe produto. Se o bom preço pode incrementar a receita, a falta de cordeiros pode reduzir o resultado econômico e a oferta ao consumidor, que por consequência reduz o consumo... Daí a importância das atuais importações em manter o consumo, por menor que seja.

Amigos, devemos estar atentos aos nossos reais problemas que envolvem a desorganização da cadeia produtiva, a baixa produtividade e a falta de foco na produção de ovinos. A criação de uma organização dos produtores e demais elos, como Beef and Lamb New Zealand, Meat and Livestock Australia e Eblex (Inglaterra) tem como bases de funcionamento o profissionalismo, a idoneidade, a administração empresarial e estratégica das instituições e, sobretudo, o financiamento de todas as ações através dos produtores que destinam uma porcentagem pequena de cada animal abatido para um fundo que rege as organizações. Então pergunto: como arrecadar no Brasil se temos aproximadamente 90% do abate de ovinos ocorrendo de forma ilegal (abate clandestino)?

Outro ponto muito sério é o fato de estarem dizimando o nosso rebanho de fêmeas através dos abates. O descarte orientado deve acontecer sim, ovelhas improdutivas, animais selecionados para descarte e etc. É a ferramenta para o progresso genético, seleção! Porém, estamos presenciando boa parte dos frigoríficos realizando o abate de fêmeas jovens, borregas, marrãs, fêmeas produtivas, fêmeas prenhes, fêmeas com cria ao pé e etc. Tudo em função da necessidade de manter as linhas em funcionamento a qualquer custo. Mesmo frigoríficos que não dependam do abate exclusivo de ovinos.

Assim, empresas que anunciam suporte à cadeia produtiva, incentivo ao rebanho comercial e etc., seguem recolhendo fêmeas com grande potencial produtivo para aumentar o rebanho, mas seguem abatendo as mesmas. Obviamente o criador tem grande responsabilidade neste aspecto, porém, em diversos casos presenciamos criadores sem condições de pagar suas contas caso não vendam as fêmeas, e a oportunidade de vender, ainda que por baixos preços, é a única solução. Criadores próximos já nos relataram fêmeas sendo entregues a atravessadores a R$ 1,70 o kg vivo (borregas de 8 a 12 meses) para serem abatidas!

Acredito que as empresas frigoríficas que realmente estiverem comprometidas com a atividade deveriam criar soluções de potencial para a atividade e vendê-las vivas ou mesmo entregá-las, fornecer a assistência técnica e orientação se receber o pagamento em cordeiros, ou algo do tipo. Sendo que a maior finalidade é promover o crescimento da atividade.

Espero que as discussões causem efeito!

Abraço a todos!"

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Comentários

Wagner Provenzano

Niterói - Rio de Janeiro - Distribuição de alimentos (carnes, lácteos, café)
postado em 10/10/2011

Eu estou no outro extremo da cadeia, sou médico veterinário e produzo cortes premium através de carcaças adquiridas nos frigoríficos. Mesmo me propondo a pagar melhor por uma carcaça de qualidade, a indústria insiste em regatear com o produtor, matando a galinha dos ovos de ouro. A indústria deveria ser o primeiro elo a fomentar a atividade, manter este produtor em ação e estimulá-lo a produzir com mais qualidade, pagando melhor por este produto. Fico muito triste quando a indústria se vangloria de ter adquirido um lote de algum produtor muito abaixo do preço. Mas tenho convicção que esta situação mudará, que outros empresários com visão entrarão na cadeia.

alcion melo

Atibaia - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 12/10/2011

Precisamos incentivar cooperativas de produtores de ovinos e caprinos.Os frigoríficos só pensam nos lucros. Deve-se regionalizar as vendas e evitar custos de transportes e atravessadores.Vender direto para os supermercados e exportadores.

Tiago Schultz

Mafra - Santa Catarina - Produção de ovinos de corte
postado em 13/10/2011

Nossa associaçao aqui de Mafra-sc fornece borregos com no maximo 40 Kg, com idade de 8 meses para fêmeas e 6 para machos. Acreditem funciona muito bem.

O preço pago R$ 5,00 o kg vivo.

Ai se a gente for pensar nao vale a pena vender femeas pro frigorifico, por que sairam em um leilao a pouco tempo aqui, femeas Ille de france do mesmo padrao a R$ 500,00 a cabeça com 10 meses!!!!! Todos os lotes sairam a R$ 390,00 numa media geral de preço.

Temos que olhar pra nossas borregas e dar valor a elas preparara-las sair em um leilao desses, mostrar q vc cria ovinos!  O preço ta bom e tem gente querendo começar a criar.

ADENAUER DA CUNHA ALVES

Linhares - Espírito Santo - Revenda de produtos agropecuários
postado em 18/10/2011

Prezados senhores e criadores,

Muito me faz pensar nos acontecimentos que giram em torno da cadeia produtiva de ovinos, vemos muitos gargalos e sem duvida quando aparece uma luz no fim do tunel, chegam aqueles autoritários, os viúvos dos coronéis da politica e abocanha a vontade e iniciativa de pessoas honradas e guerreiras, que tentam amenizar o sofrimento dos que necessitam de alimento, nesse sentido acredito que possamos vencer os obstáculos das entranhas da cadeia ovinocultora.
Vejamos exemplos de pessoas como a Doutora Kátia Correia, que está tentando terminar a construção de um frigorifico voltado para os agricultores familiares e outros que produzem cordeiros de qualidade em Teixeira de Freitas-Ba e região num raio de 400 km, mas os mandões da politica, os coronéis da ganãncia, os ladrões de sonhos, chegam  e tentam intimidar pessoas como ela.
Estamos num país democrático, mas de democracia ainda não conhecemos nada ou não queremos conhecer e fazer valer o sentido da palavra, pois ainda existem pessoas que nos roubam os sonhos e a vida de muitos outros. Temos de saber caminhar juntos e unidos com o propósito de fazer valer a lei da união, se quisermos produzir uma carne nobre, com qualidade e sem ter medo do mercado, façamos com seriedade, com objetivos claros e sem duvida com amor a produção.  

Abraços a todos e que começamos ontem a produzir mais e melhor o cordeiro nosso de cada dia.

ADENAUER DA CUNHA ALVES
ENGENHEIRO AGRÔNOMO
LINHARES-ES

João Cláudio P. P. Manente

Bragança Paulista - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 20/10/2011

Há alguns anos atrás, nosso amigo  Fernando Areas fez um excelente trabalho incentivando produtores a se tornarem sócios de um frigorífico de ovinos que naquele momento  estava desativado. Fernando Areas fez uma verdadeira catequese, proferiu diversas palestras no IZ de Nova Odessa, cidades do Sul de Minas e Vale do Paraíba. Esta iniciativa deveria ser seguida por produtores comprometidos com o desenvolvimento da cadeia produtiva.

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