"Olá a todos, excelente discussão!
Alguns breves comentários podem colaborar para o enriquecimento da conversa.
Todos estão cientes que existe uma alta demanda internacional por carne ovina, no mundo inteiro. China, East Asia e os países do oriente médio elevaram muito o consumo de carne ovina (cordeiro e mutton) o que "compensou" as supostas reduções nas importações por parte de EUA e Europa duante a última crise mundial, o que na realidade não ocorreu.
A redução dos rebanhos da NZ e Austrália contribuíram muito para a redução da oferta mundial e estes países aindas não se recuperaram (sobretudo a Austrália), porém apresentam alta capacidade de recuperação pois possuem rebanhos altamente eficientes e tecnologia de produção/processamento que já está sendo colocada em prática para atender a demanda.
Os preços no Brasil irão se manter em alta sem dúvida devido à baixa oferta, porém, estamos dependendo enormemente da importação do Uruguay para manter a demanda em alta. Se a redução das importações forem muito significativas e o produto parar de chegar ao consumidor (nas churrascarias, restaurantes e supermercados), teremos queda na procura devido à dificuldade de encontrar o produto, o que seria muito negativo.
Assim, a pespectiva é muito boa, porém o desafio é muito grande. O Brasil precisa desesperadamente de algumas medidas, em minha opinião:
1 - Sistema de classificação e tipificação de carcaças baseado em qualidade, rendimento, peso, acabamento e idade. Assim, teremos o norte do que produzir, como e quanto poderemos receber baseado no tipo de produto em cada uma das regiões específicas e suas diferentes características.
2 - Entendimento entre processadores e produtores, no sentido de produção de qualidade e remuneração justa, sem prejuízos a nenhuma das partes. Distribuir os lucros através da cadeia seria a melhor maneira de estimular a estruturação da mesma.
3 - Eficiência de produção para elevar o tamanho e qualidade rebanho.
Apenas mais um detalhe....
Não coloquemos a carne de cordeiro de qualidade no mesmo patamar de preços e mercados do frango e do suíno. Isto seria a nossa pior estratégia. Lembremos que este produto é escasso no mundo e a demanda é crescente. Os países produtores e exportadores estão se especializando para diferenciar ainda mais e agregar mais valor aos produtos, repassando isso ao produtor para que os mesmos não abandonem a atividade.
Vamos aproveitar a oportunidade de mercado para elevar nossa eficiência, reduzir custos, crescer o volume do rebanho e colher os frutos da estruturação da cadeia e não nos posicionar como meros fornecedores de cordeiros, a serem utilizados para viabilizar os elos da cadeia que lidam com o processamento e comercialização (fazem isto com alta eficiência), mas sim sermos incluídos da exploração inteligente deste mercado.
Raquel, aguardamos ansiosos a conclusão desta discussão e fiquemos todos de olho para o comportamento do mercado.
Abraço".
Participe deixando o seu comentário!
Como o preço da carne ovina se comportará em 2011?
Equipe FarmPoint
Natalino Rasquinho - Zootecnista UNEAL
Nova Odessa - São Paulo - Mestre em Produção Animal Sustentável - IZ
postado em 17/01/2011
Concordo com você Bruno nas medidas aqui citadas, e até podemos enumerar muitas outras, porém, às vezes é difícil de entender a ineficiência da aplicação de medidas tão simples, e, sabemos que pode realmente significar melhorias para a cadeia produtiva. Quanto aos valores de cortes praticados no Brasil, acredito que, se aproximássemos do valor praticado aos cortes bovinos, certamente a procura seria maior, incentivando novos produtores a investir na atividade.
Sem querer ser redundante, em minha opinião, se queremos alavancar as vendas, então devemos melhorar a qualidade (como vc citou, classificar e tipificar as carcaças) com preços acessíveis ao consumidor.