O argumento dos governistas era de que a desoneração constava de uma medida provisória editada justamente para permitir o aporte de R$ 1 bilhão da União ao novo Fundo Garantidor da Construção Naval. "O fundo é um instrumento importante para o financiamento da Marinha Mercante. Acho até que vale debater o adicional ao frete, mas essa MP não era o instrumento mais apropriado para isso", afirmou o deputado Edmilson Valentim (PCdoB-RJ). A bancada ruralista estimava uma economia anual de R$ 257 milhões ao setor com o fim do adicional.
O acordo costurado pelos ruralistas no Senado previa, segundo o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), a aprovação da MP na Câmara sem alterações, "mas chegou na hora e o governo não cumpriu o acordo", disse o deputado. "É uma brincadeira porque a agricultura vai continuar pagando a conta da Marinha Mercante por algum tempo". Para Colatto, poderia ter havido votação nominal no plenário da Câmara se o governo não tivesse dado garantias de que aprovaria a emenda do Senado. "Se fôssemos para o voto, ganharíamos com folga", disse.
O fim do adicional ao frete tem sido uma das principais reivindicações do setor rural nos últimos anos. "É um dos maiores absurdos de sobrepreço porque taxa qualquer produto a ser importado com fretes internacionais triplicados", diz o superintendente-técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Ricardo Cotta. Para ele, o Ministério dos Transportes usa esses recursos para financiar estaleiros e a construção naval "retirando a competitividade" da produção nacional. "E ainda financia os navios mais caros e ineficientes do mundo", afirmou.
"Pior: as empresas repassam os custos de imposto de importação aos produtores, que não têm a quem recorrer". O AFRMM é cobrado de empresas de navegação que usam os portos brasileiros. O adicional é pago na entrada do porto de descarga. Para que a quantia seja paga, é preciso que seja reconhecido o embarque e a manifestação da carga. A matéria, de Mauro Zanatta, foi publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
Marcos Salazar de Paula
Lima Duarte - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 05/09/2008
É mais uma prova de como este governo é cínico e mentiroso.