O produtor Idalécio Pinheiro de Figueiredo iniciou os trabalhos relatando um histórico sobre a criação de caprinos no Rio Grande do Norte, na década de 1990, que começou com o objetivo de vender leite de cabra para o governo. De acordo com Figueiredo, a organização dos produtores por meio de associação foi um dos fatores determinantes para o desenvolvimento da atividade. Ele destacou também a parceria de instituições como Embrapa, Sebrae, Emparn, Fundação Banco do Brasil, Emater, entre outros, e a importância da articulação da cadeia produtiva com o setor público.
O médico veterinário Aldomário Rodrigues falou sobre a atividade na Paraíba. Para ele, a caprinocultura é o ouro branco da região Nordeste, como o algodão já foi considerado, com uma vantagem: o bicudo não come. Rodrigues explicou como a produção de leite de cabra alavancou o desenvolvimento do Cariri Paraibano. "O município de Cabaçeiras, um dos mais pobres da Paraíba, hoje tem o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado e a caprinocultura leiteira foi responsável por isso. Além de também desenvolver outras atividades como curtume, artesanato e eventos", afirmou. O palestrante deixou uma mensagem de otimismo, dizendo que a atividade é a mola propulsora para o desenvolvimento no campo, mas que é preciso encontrar novos caminhos, outros mercados que possam absorver a produção e não depender apenas das compras governamentais.
Na terceira palestra, Márcio Peixoto, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará, traçou um panorama sobre os programas do governo do estado direcionados à atividade. Ele ressaltou a necessidade de os produtores armazenarem forragem no período chuvoso. "Se houvesse essa cultura, se o produtor tivesse esse hábito, nossos rebanhos não teriam tanta necessidade durante a seca".
Durante a mesa redonda realizada após as palestras, participantes fizeram perguntas sobre mercado, características nutricionais do leite de cabra, compras governamentais e atuação da Embrapa. Questionado sobre o trabalho das instituições de pesquisa, cujos resultados demoram a chegar ao campo, o pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, Olivardo Facó, afirmou que a empresa tem a percepção de que precisa ser feito um esforço maior para que as tecnologias cheguem mais rápido aos produtores. "Sabemos que a Embrapa ainda não consegue fazer esse repasse na velocidade necessária. Esse esforço tem sido feito por meio de articulações e parcerias para buscar uma aproximação, esperamos conseguir resultados nos próximos anos", afirmou. Ele apontou ainda a recente reestruturação da Embrapa, com a criação da diretoria de Transferência de Tecnologia, como um indicativo de que a empresa está ciente e empenhada em solucionar esta questão.
Ministro da Agricultura participa da abertura do evento
A abertura do Pec Nordeste, realizada na manhã do dia 03, contou com a participação do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Antônio Andrade; do governador do Ceará, Cid Gomes e de diversas autoridades ligadas ao setor agropecuário.
Durante a cerimônia foi assinada a Instrução Normativa reconhecendo o Ceará como zona livre da aftosa. O ministro falou que o Ceará "é o estado mais organizado do Nordeste. Além de ter feito o dever de casa, esperamos que ajude os outros estados a atingirem a mesma situação". O governador Cid Gomes afirmou que o Ceará luta há mais de uma década para conseguir esse status e que agora," para continuar se desenvolvendo, a pecuária precisa melhorar o padrão genético, a assistência técnica e a produção de forragem".
As informações são da Embrapa Caprinos e Ovinos, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
Armistrong de Araújo Souto
Cabaceiras - Paraiba - Instituições governamentais
postado em 07/09/2013
Quando o pecuarista, e Médico Veterinário, Aldomário Rodrigues, fala do leite caprino, o faz na perspectiva de mais um ciclo produtivo, E como tal, repete a secular tradição dos ciclos que vieram, cresceram, atingiram um ápice, e depois desapareceram. Esta é a lógica dos ciclos. Por serem, via de regra, monoculturais, esgotam-se, em um certo tempo.
Em termos de desenvolvimento, precisamos pensar em processos produtivos, não lineares, múltiplos, organicamente, embasados. A caprinocultura, ou qualquer outra cultura, animal, ou vegetal, deve ser parte de um todo. Jamais o todo! Ele sabe do que ocorre, frequentemente, quando os governos estaduais, por motivos diversos, suspendem o pagamento, aos produtores, por dois, ou três, ou quatro meses. Por estarem focados, em um único processo produtivo, passam por sérias dificuldades. Vendem rebanhos, e acumulam dívidas. E quando conseguem atravessar tais períodos, não auferem renda, já que o retorno está na condição de cobrir despesas. E o trabalho do produtor fica sem remuneração.
No último IDH divulgado pelo ATLAS BRASIL 2013, Cabaceiras cai do 8º lugar, no Estado para o 47º.