O número correto, segundo o instituto, é 0,854, o que leva à interpretação inversa: um pequeno recuo em relação ao resultado de 0,856 apurado no censo de 1995/1996. Pela escala de Gini, quanto mais o resultado se aproxima de 1, maior é a concentração.
Segundo o coordenador do Censo Agropecuário, Antônio Carlos Florido, o erro foi identificado pelo agrônomo Rodolfo Hoffmann, especialista em economia agrária que dá aulas no Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp). Alertado pelo professor, o IBGE refez o processamento dos dados do censo e descobriu o erro.
Embora o equívoco tenha sido notado na segunda semana após a divulgação do censo, a correção só foi informada ontem, numa nota à imprensa, pelo IBGE, que também postou um discreto comunicado em seu site.
Florido atribuiu o resultado incorreto a uma falha técnica no processamento dos dados apenas no cálculo do índice nacional. O resultado dos Estados, que mostrou aumento da concentração de terra em São Paulo (de 0,758 para 0,804) e recuo em Estados como Maranhão (de 0,903 para 0,864) estão certos, segundo ele.
O técnico do IBGE disse que o trabalho foi feito às pressas para divulgação e não houve tempo para revisão. "Um software lê os microdados e pode ter havido falha no processamento. Com o contato do professor, refizemos os cálculos também pela metodologia dele e confirmamos que o índice era mais baixo", afirmou.
Ele admite que a correção altera a interpretação de que a concentração agrária está crescendo, mas ressaltou que o número tão próximo ao do censo anterior indica a manutenção do retrato desigual da propriedade no campo. A metodologia do Censo já havia sido questionada pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que discordaram dos resultados.
"Já tínhamos contestado porque vemos que acontece o contrário. Lamentamos ver o aparelhamento do IBGE, que hoje não oferece mais a mesma segurança e confiabilidade nos seus dados. Duvido que foi erro técnico, foi intencional. Esse censo escancarou a intenção explícita de separar a pequena propriedade do agronegócio", disse a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA. "Quando soltam os dados, buscam as manchetes. Na hora de corrigir, vem tudo pequenininho, escondido, sem entrevista coletiva."
O Ministério da Agricultura informou que Stephanes já havia sido informado do erro e assessores do ministro elaboram um relatório para apontar outros erros. Só após esse trabalho, ele comentará o assunto. O Ministério do Desenvolvimento Agrário não quis se pronunciar. O Estado não conseguiu contato com Hoffmann.
A matéria é de Alexandre Rodrigues e Jacqueline Farid, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
Paulo Luís Gonçalves Campelo
Belo Horizonte - Minas Gerais - Consultoria/extensão rural
postado em 06/11/2009
Essa é apenas mais uma das trapalhadas dos órgãos ligados à esse Governo. Os dados são sempre manipulados e divulgados de forma a agradar o Governo, que esconde a realidade do nosso país na tentativa de se manter no poder. O mesmo acontece com os índices de inflação, com o IDEB, que mede o avanço da educação Brasileira, etc.. vamos abrir os olhos pessoal, isso precisa acabar, ou todos vamos pagar muito caro por essas mentiras.