A pesquisa, feita a partir de dados coletados semanalmente em 8.200 lares em todo o País para radiografar o consumo de uma cesta com cerca de 100 produtos, foi apresentada ontem na abertura da 28.ª edição da feira do setor, que vai até quinta-feira.
Em 2010, o grande destaque em número de unidades compradas havia sido a classe C, que tinha ampliado em 15,3% os volumes sobre 2009, enquanto os acréscimos nas classes A e B e D e E tinham sido de 14,1% e de 0,7%, respectivamente, nas mesmas bases de comparação.
Por causa do aumento da inflação, ocorreu no ano passado uma freada no ritmo de crescimento das quantidades de produtos vendidos a todas as classes sociais em relação ao observado em 2010, porém o grande destaque foram as classes D e E. Galassi atribui a liderança desse estrato social nas compras aos programas sociais do governo, que melhoraram o poder de consumo dessa parcela da população.
No ano passado, o faturamento dos supermercados brasileiros somou R$ 224,3 bilhões, com crescimento real, descontada a inflação, de 4,4%. No Estado de São Paulo, que reúne 19,9% das lojas do País, a receita atingiu R$ 68,4, com um acréscimo real de 4,6% em relação a 2011. "São Paulo cresceu mais que o País porque o impulso vindo da classe C, que vive no Nordeste, deve ter atingido o limite", explicou o vice-presidente de Economia da Apas, Martinho Paiva Moreira.
Para este ano, Galassi mantém, por enquanto, a projeção de crescimento de 4,5% em termos reais. Ele não acredita que o movimento de corte dos juros ao consumidor, desencadeado pelo governo desde o mês passado, possa "roubar" vendas dos supermercados para outros setores, como o de eletrodomésticos e carros, por exemplo. Ao contrário, o executivo disse que o corte dos juros deve beneficiar o setor porque sobra mais renda disponível para ir às compras.
Marca própria. O ganho de renda experimentado pelos brasileiros nos últimos tempos provocou uma qualificação do consumo e deixou a fatia das marcas próprias no faturamento estacionada nos últimos três anos.
Segundo estudo da empresa de pesquisas Nielsen, apresentado por Galassi, em 2009, 2010 e 2011, a participação das marcas próprias na receita dos supermercados foi de 4,6%, 4,8% e 4,9%, respectivamente.
Em países emergentes como o Brasil, os produtos novos foram os que mais geraram alta de vendas das categorias. "O consumo de marcas aspiracionais é muito forte até na classe A", disse Galassi. Ele observou que em países jovens como o Brasil, com forte mobilidade social, os produtos de marca própria devem levar ainda um bom tempo para evoluir. "Em mercados maduros, não há aspiração de marca."
As informações são do jornal O Estado de São Paulo, adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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