Enquanto o primeiro sobe por causa da seca nos Estados Unidos, o segundo sofreu o impacto das chuvas irregulares no Brasil. Com o aumento, o índice da FAO se aproxima do recorde de 2008, ano das revoltas provocadas pela fome na África e na Ásia.
O aumento foi verificado na cesta de produtos básicos que serve de parâmetro para os relatórios da organização. Em julho, a alta interrompeu uma sequência de três meses de baixas contínuas, e elevou o índice da FAO a um total de 213 pontos, 12 pontos a mais do que no mês anterior.
Por ora, a alta é considerada resultado de uma série de conjunturas climáticas desfavoráveis, como seca nos Estados Unidos, chuvas irregulares no Brasil e atraso nas monções (fenômeno climático que provoca chuvas intensas) na Índia.
O dado preocupante é que o nível atual se situa próximo ao pico de fevereiro de 2008, quando ocorreram as "revoltas da fome" - as manifestações violentas em países como Burkina Faso, Senegal, Costa do Marfim, Mauritânia, Egito, Haiti, Indonésia, Filipinas e Camarões.
Na época, o índice da FAO havia subido de 139 pontos para 219 pontos no intervalo de um ano, impulsionado por altas nos preços de cereais e de produtos derivados do leite. "Quando 18 milhões de pessoas já sofrem de fome no Sahel (região do deserto do Saara), essa alta dos preços é muito alarmante", diz Clara Jamart, da organização não governamental Oxfam. "A situação alimentar é muito tensa e a especulação continua agindo."
Desta vez, os produtos que mais pesaram na balança foram o açúcar e os cereais. De acordo com as Nações Unidas, o açúcar teve alta de 12% em média em relação ao mês anterior, interrompendo uma baixa que se repetia desde março. A tendência, no entanto, tende a se inverter nos próximos meses. Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão do Ministério da Agricultura, apresentou suas projeções para a safra de cana-de-açúcar de 2012 e 2013, com previsão de aumento de 6,5% no Brasil, com uma safra de 593,63 milhões de toneladas, ante 560 milhões na temporada passada.
Outro fator importante na inflação no preço dos alimentos foi a perspectiva de quebra parcial da colheita de milho nos Estados Unidos por causa da seca, o que fez o produto subir 23% no mês de julho. O trigo também sofreu forte alta, de 19%, desta vez causada por problemas na safra da Rússia e pelo aumento da demanda para alimentação de rebanhos.
Já o arroz fechou o mês com tendência estável. Com as altas, também o índice dos cereais, que agora chega a 260 pontos, se aproxima do ápice, "somente 14 pontos a menos do que seu recorde absoluto (em termos nominais) de 274 pontos em abril de 2008".
A boa notícia do balanço da FAO é a redução, ainda que pequena, em torno de 1%, do preço das carnes bovina e ovina e de aves. No caso dos derivados de leite, a queda chega a 16% desde o início do ano.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo, adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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