O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, depois de uma reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN). O CMN aprovou um conjunto de medidas de apoio ao setor, num valor total de R$ 12,6 bilhões.
O mecanismo para financiamento de capital de giro oferece prazo de dois anos para o pagamento, incluindo um ano de carência, com taxa de juros de 11,25% ao ano e a data limite para contratação é 31 de dezembro de 2009.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que participou das negociações que antecederam a reunião do CMN, defendia uma taxa de juro menor, próxima ao encargo financeiro dos empréstimos do crédito rural, hoje em 6,75% ao ano. "Pode ser um pouco mais, mas não muito mais que isso", disse o ministro, antes da decisão do conselho. Defensor da linha, mas voto vencido na discussão sobre o encargo financeiro, Stephanes disse que atualmente as agroindústrias conseguem recursos com juros de 12% a 18%, taxas que, segundo ele, são incompatíveis com as atividades das empresas.
O secretário adjunto da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, esclareceu que não há limite por empresa tomadora, e o governo procurou irrigar esses segmentos com capital de giro porque haverá uma espécie de "efeito cascata" que deverá beneficiar pequenos produtores de todas as cadeias envolvidas.
Bittencourt alertou que o risco dessas operações é do banco e que, portanto, é preciso provar que a empresa é viável e que pode pagar. A Sadia, que perdeu R$ 2,6 bilhões com derivativos cambiais, é uma das que podem se beneficiar com a linha. Não ficou claro se empresas em recuperação judicial têm a mesma sorte.
O secretário ressalta que esse montante deve suprir uma lacuna de crédito criada a partir da retração das tradings no financiamento agrícola.
Otávio Cançado, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) considerou importante a destinação dos recursos para capital de giro. Ele explica que, além do efeito financeiro da medida, também é importante ressaltar o efeito psicológico do capital para normalizar os negócios nas empresas exportadoras. "Com esse dinheiro no caixa, as indústrias podem fechar contratos com mais segurança. Podem voltar a correr riscos. Isso vai ajudar o setor a retomar exportações de forma mais tranquila e rápida", afirma Cançado.
Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs), mostrou ceticismo. "Ouço notícias de recursos desde dezembro. Espero que desta vez seja para valer", disse. Segundo ele, medidas como a anunciada sempre acabam esbarrando na operacionalização, nas garantias.
Outra decisão anunciada pelo CMN foi a criação de um programa de R$ 2,3 bilhões para o financiamento de estocagem de cinco bilhões de litros de álcool etílico combustível. As beneficiadas são usinas, destilarias, cooperativas ou empresas de comercialização. No BNDES, o valor é de R$ 1,3 bilhão e o restante R$ 1 bilhão no Banco do Brasil, com recursos da poupança rural. Os juros são de 11,25% ao ano, fixos no período do contrato.
No Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), o CMN elevou em R$ 300 milhões os recursos para capital de giro, a partir do remanejamento de outros programas de financiamento de investimento.
As informações são dos jornais O Estado de S. Paulo, Valor Econômico e Gazeta Mercantil, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
mauri deschamps
Belém - Pará - criação de bubalinos e reflorestamento
postado em 17/04/2009
Muito boa essa noticia para o setor frigorifico. Mas que mal pergunte!
E para os pecuaristas tem algum financiamento?
Pelo que depreendo não tem.
Ao menos para retenção de crias e matrizes o governo deveria conceder algum tipo de financiamento. Haja visto que todo o setor pecuario de cria e recria esta passando por enormes dificuldades.
Se não me falha a memoria, somente o banco da amazonia tem algum tipo de financiamento nesse sentido. mas com muitas exigencias. Tais como manutenção de reserva legal e etc. O que torna inacessivel este tipo de financiamento para grande parte dos pecuaristas da amazonia legal.
Creio que então a melhor forma seria conceder o financiamento via banco do brasil, sobre o rebanho existente de cada pecuarista. Assim sendo, a base da cadeia produtiva da pecuaria será protejida.