"Os preços foram bons, a comercialização fluiu, mas o produtor rural perdeu renda em 2009", afirma a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu. Os reflexos da perda de renda do setor rural já são percebidos, com menores despesas nos tratos culturais, alerta a CNA. Um dos efeitos gerados pela queda de renda foi a queda no volume de entrega de fertilizantes para o cultivo da atual safra, cita Kátia Abreu. Na pecuária, a baixa rentabilidade com a venda de animais fez com que os produtores deixassem de adquirir os compostos nutricionais para alimentar os rebanhos, optando pelo uso do milho, o que prejudicou a indústria de rações. O estudo completo pode ser conferido no Canal do Produtor (www.canaldoprodutor.com.br).
A presidente da CNA alerta que a queda de renda do setor rural em 2009 exige atenção especial no médio prazo. Kátia Abreu explica que o produtor sofreu um processo de descapitalização no ano passado e tende a enfrentar dificuldades que não se limitam à redução dos tratos culturais. Há possibilidade de o setor precisar de maior acesso a linhas de capital de giro, destaca.
Além da descapitalização, gerada pela queda do PIB, alguns segmentos do agronegócio enfrentam, este ano, problemas de outras naturezas, cita a senadora. Um exemplo é a orizicultura gaúcha, que já sofreu uma frustração de colheita de 1 milhão de toneladas na atual safra.
O estudo da CNA e do CEPEA mostra que no acumulado entre janeiro e novembro o PIB agropecuário acumulava queda de 5,66%. Mas somente em novembro houve uma retração forte, de 0,47%, índice semelhante à queda de 0,50% registrada em outubro. Frente tal trajetória de persistentes inclinações negativas é que se torna possível estimar uma queda consolidada de 6% em 2009, explica a chefe da área de Assuntos Econômicos da CNA, Rosemeire dos Santos. A economista explica que o PIB do setor rural voltará ao patamar de 2007, quando atingiu R$ 714 bilhões.
Isoladamente, o agronegócio da agricultura (produção primária, distribuição, indústria e setor de insumos) apresentou retração de 6,13% entre janeiro e novembro; enquanto que o agronegócio da pecuária caiu 4,54% no período. A partir da combinação entre esses dois segmentos é que se projeta a queda de 5,66% no total do agronegócio. Nas lavouras, as mais fortes perdas envolveram algodão, amendoim, café, feijão, laranja, mamona, milho e trigo, com recuo de preços e volumes comercializados. Na indústria, a área de óleos vegetais foi a que sofreu a mais forte perda, com redução de 17% no PIB ao longo do ano, refletindo a retração do mercado externo.
As informações são da CNA, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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