No encontro, o presidente Lula e a senadora de oposição ao governo avaliaram a "fragilidade" do setor diante da crise internacional, especialmente com a queda nas cotações das commodities. "Aliada à escassez de crédito no mercado, será inevitável uma redução na renda do produtor rural e no nível de emprego do setor", afirmou Kátia Abreu.
O inédito encontro deixou clara a preocupação dos produtores rurais com os impactos da crise no setor. A senadora informou que apenas a produção de grãos necessitará de R$ 78 bilhões em novos financiamentos. Segundo ela, apenas um terço da safra é financiada com recursos federais. Outros dois terços vêm de operações com recursos próprios dos produtores e de tradings que operam no setor.
Cálculos da líder ruralista indicam que o governo já deu R$ 385 bilhões para socorrer diversos setores afetados pela crise financeira global sob a forma de incentivos e desonerações. Mas o setor rural recebeu, segundo ela, "apenas R$ 14,8 bilhões". Kátia Abreu disse que o setor, que responde por quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB), das exportações e dos empregos no país, deveria ter um tratamento melhor do tem recebido até agora.
A senadora demonstrou preocupação com o esgotamento da capacidade de endividamento dos produtores rurais. Para ela, as sucessivas rolagens das dívidas rurais, que parecem uma vantagem para os produtores rurais aos olhos da sociedade, são um fator de "estrangulamento" da produção. A presidente da CNA afirmou que a cada rodada de rolagem da dívida, o passivo aumenta em 25%. Além disso, o risco de emprestar aos produtores rurais aumentou de 3% para 14,9% junto às instituições bancárias nos últimos anos.
As informações são de Paulo de Tarso Lyra para o jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela equipe AgriPoint.
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