A senadora, que trabalha em conjunto com o governo para uma reformulação das políticas para o setor, observou que "o grande problema do agronegócio é que somos milhares e milhares de produtores, produzimos no mundo todo, e meia dúzia de empresas formula o preço", o que faz dos agricultores "tomadores de preços".
Daí, disse ela, a necessidade de uma política que leve em conta os custos do produtor, nos moldes do realizado por países desenvolvidos, para que os agricultores possam continuar fornecendo alimentos "em quantidade e qualidade a baixos preços nas gôndolas dos supermercados".
"Essa diferença entre o que custou na propriedade e o alimento barato na mesa do consumidor tem que ser bancada por alguém. O programa deve e tem que ser subvencionado pelos governos como fazem todos os países desenvolvidos. Não se trata de uma esmola, uma benesse, de um tratamento especial, o setor é diferenciado", declarou a senadora.
Ela explicou que cálculos da CNA indicam que recente prorrogação de dívida custou ao país 5 bilhões de reais, ao passo que se tivesse sido feita uma política mais adequada de sustentação de preços, as despesas para a União seriam de 1,5 bilhão de reais. Prorrogações de dívidas são históricas no agronegócio brasileiro, cujos integrantes criticam subsídios agrícolas concedidos por países desenvolvidos.
"No Brasil, prioriza-se o crédito, diferentemente dos EUA, onde o que existe é o componente de preservação da renda do agricultor", disse a presidente da CNA. O governo brasileiro, que segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é um dos países que concede os menores volumes de subsídios entre os integrantes do organismo, faz a sustentação de preços por uma série de programas, que incluem leilões de prêmio para o escoamento ou mesmo compras diretas de produtos, entre outros.
Para apoiar a comercialização, o Ministério da Agricultura já comprometeu este ano cerca de 3 bilhões de reais, e o ministro Reinhold Stephanes disse na semana passada que seriam necessários mais R$ 1,6 bilhão para completar o orçamento de 2009. Os recursos adicionais, que estão sendo negociados com o Ministério da Fazenda, seriam destinados especialmente ao apoio à comercialização de milho, e o ministério avalia também mais programas para o café.
"Garanto que a sustentação é muito mais barata para a União e ao sistema financeiro, porque a prorrogação aumenta o caos na vida do agricultor, aumenta o seu risco e aumenta o seu endividamento. Queremos mostrar ao governo que sustentar preço é infinitamente mais barato na atual conjuntura do que prorrogar," concluiu.
As informações são de Roberto Samora, da Reuters, resumidas pela Equipe AgriPoint.
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