Um motivo de apreensão no Planalto é a cúpula da ONU sobre o clima, na segunda e terceira semanas de dezembro. O governo teme chegar lá sob uma legislação ambiental indefinida ou menos restritiva -o que colocaria em xeque a iniciativa de apresentar propostas ousadas para a redução do desmatamento na Amazônia. Outro ponto é que, com a entrada em vigor do decreto, segundo alega Stephanes, das cerca de 4,3 milhões de pequenas e médias propriedades do país, ao menos 3 milhões ficariam em situação irregular, algo indesejável em ano eleitoral.
O governo tem duas opções: ampliar o prazo para a entrada em vigor desse decreto ou, como quer a Agricultura, editar logo a medida provisória e, com isso, indicar um caminho para as discussões no Congresso.
Na proposta da Agricultura há quatro eixos. O primeiro é isentar da exigência de formar reserva legal os pequenos e médios produtores: áreas com até 150 hectares ou até quatro módulos rurais (cerca de 400 hectares na Amazônia) - vale a maior. Pela lei atual (Código Florestal e uma MP de 2001), uma propriedade na região amazônica é obrigada a manter intacta 80% de sua área de floresta. No cerrado, o limite é de 35%, ante 20% no resto do país.
O segundo eixo da Agricultura propõe a inclusão das APPs (áreas de preservação permanente), como topos de morro, encostas e margens de rios, na área de reserva legal. Hoje um produtor na região amazônica é obrigado a preservar a APP e mais 80% da floresta dentro de sua área. Pela proposta, uma área de APP que corresponda a 50% da propriedade poderá ser somada a 30% da reserva legal. Outra proposta é que as plantações em uso e consolidadas nas propriedades sejam consideradas "definitivas" e "regularizadas": quem desmatou no passado e usa topo de morros para plantar café não precisa abrir mão do cafezal para reflorestar esse pedaço de terra.
O quarto eixo é definir os "direitos adquiridos" dos produtores rurais: tudo o que foi feito (desmatamento) quando a lei permitia não pode ser revertido. Até 2001, por exemplo, a área de reserva legal em terras na Amazônia era de 50%.
Stephanes desmente anistia
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reafirmou, hoje, 23, que é contra a anistia a produtores que desmataram áreas ilegalmente no país. Ele esclareceu a informação de que o Ministério esteja preparando uma medida provisória para anistiar desmatadores e derrubar projeto que pune quem infringiu limite legal.
"É preciso esclarecer a opinião pública. Estão colocando na mesma situação agricultores que, há cinquenta anos, tiveram autorização da lei para ampliar as áreas produtivas, com aqueles que desmataram ilegalmente. Nunca defendi quem desmata ilegalmente", reiterou o ministro. Segundo ele, a proposta do Ministério pretende tratar de forma diferente pequenos e médios produtores rurais que agiram dentro da lei".
Stephanes garantiu, ainda, que não solicitou a flexibilização das normas do Código Florestal e, sim, a correção de erros na legislação. Ele destacou que a legislação ambiental contempla o território nacional, mas não considera as diferentes realidades, nem as regiões nas quais a agricultura se instalou há décadas. "Se as normas forem cumpridas à risca, praticamente, a metade das propriedades rurais do Centro-Sul do País, no qual a agropecuária está consolidada, está ou estará fora da lei", afirmou o ministro.
Com informações de Eduardo Scolese, do jornal Folha de S.Paulo e nota do Ministério da Agricultura.
michel haddad neto
Jaú - São Paulo - Produção de gado de corte
postado em 23/10/2009
O texto acima é o mais correto e muito mais justo com os fazendeiros que entraram no início da década de 70 na amazonia legal, ressaltandoa dificuldade daquela época.
Outro aspecto importante é a inclusão da APP como area de reserva legal, pois o proprietário estaria preservando em media mais de 10% de sua area.
Gostaria de com todo respeito esclarecer um aspecto pouco comentado, nossos governos se preocupam com a repercussão de nossa imagem no exterior, porém esses mesmos países fazem o que atualmente para compensar o que já desmataram?
Os países desenvolvidos abrem mão de 20% ou 30% de suas areas produtivas em prol do meio ambiente, pois lá tb era mata um dia, não eles ficam cobrando da gente como se ainda tivesse a gente como "colonia".
Nossos governantes deveriam impor o direito dos nossos agricutores produzirem sem impecilho de ongs, mantidas pelos governos desses paises que já desmataram totalmente e que não abrem mão de nada em prol do meio ambiente.
Não sou a favor de desmatamento abusivo, mas acho que derrubar pelo menos 50% seria o mais justo e prudente, essa imposição é abusiva pq os países que já desmataram não cedem nada em seus territórios.
A classe rural deveria levantar eesa bandeira de que o governo poderia cobrar um reflorestamento dos países já desenvolvidos.