No ano passado, as restrições na oferta de importantes fornecedores globais, como Austrália e Nova Zelândia, provocaram um forte aumento na demanda pela carne uruguaia, e o vizinho deu prioridade a países que pagam melhor, como Canadá, EUA e União Europeia. Além disso, problemas climáticos reduziram o rebanho de ovinos no Uruguai e mudanças no trâmite para liberação das importações prejudicaram os negócios entre os dois países.
As exportações de carcaças e peças não desossadas de ovinos para o Brasil caíram 21,6% entre janeiro e outubro de 2010, em relação a igual período de 2009, para 3,78 mil toneladas, segundo os últimos dados do Ministério do Desenvolvimento. Como a produção formal brasileira é de apenas 7.000 toneladas, a menor oferta uruguaia influenciou a formação dos preços internos.
O animal vivo, que chegou a R$ 2 o quilo no país em 2009, está em R$ 5, segundo Paulo Schwab, da Arco (Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos). Neste ano, a oferta deve retornar aos níveis de 2009, mas os preços, não, prevê Leite. Para ter um mercado mais equilibrado, o Brasil precisa alcançar a antiga meta de aumentar a produção.
Além de exportar menos - levantamento do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (Inac) mostra que o país exportou no ano passado 19.182 toneladas de carne ovina, volume 38,47% menor em relação a 2009.
"O mercado está bom", diz o criador Rodrigo Piqueira, de São Miguel Arcanjo (SP). Piqueira, que está há quatro anos na atividade, garante que o preço nunca chegou ao nível de hoje. "Conseguimos até R$ 8,50 o quilo vivo." Para Piqueira, o produto nacional tem qualidade superior ao produto importado. "No Uruguai, como a lã é o principal produto, os animais são abatidos com mais de 16 meses, o que desvaloriza a carne. Nessa idade o animal não é mais cordeiro, é carneiro", explica.
O corte mais valorizado é o carré. O preço varia de R$ 50 a R$ 70. Para tornar o produto mais acessível, os produtores investem em hambúrguer, linguiça, kafta e croquetes, feitos com carne de animais mais velhos. "Fazer hambúrguer, linguiça, espetinho é uma opção entre os mais de 25 cortes possíveis", diz o criador Valdomiro Poliselli Júnior, de Jaguariúna (SP). O quilo do hambúrguer, diz, sai a R$ 14,50.
A reportagem é dos jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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