Não somente o Uruguai reduziu seu estoque ovino, mas também outros produtores mundiais, como Austrália e Nova Zelândia. No entanto, o presidente do SUL, Joaquín Martinicorena, disse que o Uruguai está em condições insuperáveis para começar uma recuperação do estoque e destacou que, apesar da baixa nas existências, mantêm-se intacta a "cultura ovina" e a vocação de muitos produtores.
Martinicorena destacou que, apesar da queda do estoque, o setor "aportou ao Uruguai US$ 340 milhões com exportações. Esse valor está distribuído em 53 mercados diferentes para a lã e, no caso da carne, em 33 países".
Para o diretor de Operações de Tacuarembó/Marfrig, Marcelo Secco, que falou em representação da indústria frigorífica, "estamos em condições insuperáveis para começar um processo de recuperação do estoque e de competitividade no uso da terra com outros setores, como há muitos anos não podíamos fazer".
Ele disse que há dois anos, falar de ovelha era "depressivo", mas hoje, pode-se dizer "com propriedade que o cordeiro uruguaio está a par com o que se produz no resto do mundo".
Diante de um futuro promissor, o presidente do SUL estimulou os produtores a "aumentar a quantidade de cordeiros" e a esperar "uma queda no estoque, a partir desse ano, pela valorização da carne ovina e da lã que está em níveis de preços que não se viam e nem se imaginavam há um par de anos".
Por outro lado, o porta-voz da Tops Fray Marcos, Facundo Ruvira, disse em representação à indústria têxtil que "apesar do contexto de crise internacional, a cadeia têxtil laneira está em um momento de redefinição no mundo" e está passando por um momento de revalorização. Entretanto, a nível local, considerou que está muito forte, porque "temos um grupo de produtores comprometidos com a produção ovina, temos mantido e melhorado o rebanho em qualidade e temos um nível de profissionalização que é orgulho para o país".
O ministro da Pecuária, Tabaré Aguerre, após inaugurar a safra, fez algumas reflexões sobre o setor. Ele disse que a carne ovina foi o produto que mais subiu de preço no mundo. "O quilo de cordeiro vale, hoje, 35% ou 40% a mais que um quilo de novilho e essa condição de mercado, historicamente, nunca tinha ocorrido". Por outro lado, ele destacou as oportunidades que surgem para colocar mais carne ovina uruguaia no mundo. "O mundo que surge hoje é a Ásia, que tem um consumo totalmente desconhecido de carnes, mas principalmente de carne ovina, e isso nos permite pensar que há um bom cenário para a produção".
Aguerre recordou que, na década de 90, "havia no mundo 1,2 bilhão de ovinos e, em 2003, o volume tinha caído para 1 bilhão de cabeças. Em 13 anos, perderam-se 200 milhões de ovinos e a produção de lãs caiu - entre 1991 e 2007, de 3,3 bilhões para 2 bilhões de quilos. Proporcionalmente caiu mais a produção mundial de lãs do que a quantidade de ovinos. Porém, além das oportunidades apresentadas no mundo no futuro, o ministro destacou a potencialidade do Uruguai. "A existência de uma boa genética uruguaia e a cultura de ovinos que há no país são duas chaves que o Uruguai tem e, por sorte, vivemos em um país onde as pessoas têm opções para escolher onde trabalhar".
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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