Gucht reconhece que ainda existem dificuldades consideráveis entre os dois blocos econômicos para se chegar a uma proposta definitiva de livre comércio. Agricultura e propriedade intelectual são alguns dos temas que emperram as conversas entre os dois lados. Ainda assim, o comissário mostrou-se confiante na possibilidade das negociações caminharem, a partir de agora, para um desfecho mais concreto. "O clima geral mudou e o que vejo é uma abertura para as discussões", afirmou Gucht.
As negociações entre Mercosul e União Europeia ficaram suspensas por cinco anos e só foram retomadas em maio. Uma primeira rodada de negociações foi feita em julho e, entre os dias 11 e 15 de outubro, um novo encontro ocorrerá em Bruxelas. No entender de Gucht, os dois blocos têm condições de apresentar suas ofertas até o fim do ano. Com isso, os negociadores teriam a primeira metade de 2011 para aparar arestas e fazer o desenho final do acordo.
O fracasso das negociações da Rodada Doha, que sucumbiu em julho de 2008, é um dos elementos que sustentam o otimismo de Gucht em relação à possibilidade de União Europeia e Mercosul conseguirem fechar um acordo de livre comércio. Na avaliação do comissário, a importância dada à Doha em 2004 foi um dos fatores que contribuíram para que as negociações entre os dois blocos fossem suspensas naquele ano. Além disso, a situação econômica mundial também sofreu bruscas alterações ao longo do período, o que contribui para que um acordo seja fechado agora.
Além da rápida visita aos ministros, Gucht terá ainda hoje um encontro com empresários em São Paulo. Depois o comissário segue para a Argentina. Entre dezembro e o início de 2011, o comissário pretende visitar o Paraguai e o Uruguai.
A reportagem é de Renato Andrade, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, adaptada pela Equipe FarmPoint.
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