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Commodities agrícolas recebem menos investimentos

postado em 14/08/2009

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O fluxo de investimentos financeiros nos índices de matérias-primas diminuiu significamente em julho, principalmente nos produtos agrícolas, depois de quatro meses de alta, segundo o banco francês Natixis.

A situação começou a se reverter em função do menor apetite por risco em meio à alta volatilidade nos preços e coincide com pressões de reguladores para frear a influência de especuladores no mercado de commodities, segundo analistas europeus. Ao fim de junho, o montante total de investimentos financeiros em matérias-primas agrícolas, petróleo e metais tinha alcançado US$ 209 bilhões, numa alta recorde de US$ 34 bilhões em relação ao primeiro trimestre, segundo o Barclays Capital, de Londres.

Mas em julho, pelos cálculos de Natixis, a entrada líquida ficou em US$ 5,7 bilhões nos índices de commodities, que dão aos investidores acesso para uma cesta diversificada de matérias-primas. No ano, o total de dinheiro novo teria chegado a US$ 51 bilhões.

A queda foi especialmente importante nos fundos especializados em commodities agrícolas, com entrada líquida de US$ 700 milhões, comparados a US$ 2,8 bilhões em maio. A maior parte das aplicações foi para o setor de energia, sobretudo gás. Mas Nic Brown, analista do banco francês, alerta que julho foi um período particularmente volátil e ficou difícil identificar os montantes investidos em certos produtos agrícolas.

Amrita Sen, analista do Barclays Capital, minimiza a queda de fundos especializados em produtos agrícolas. "Investidores aumentaram sua exposição em commodities em razão de fundamentos, ao contrário do que ocorria no ano passado, quando os preços já estavam em níveis recordes", diz ela.

Andy Duff, do banco holandês Rabobank, confirma que certos investimentos financeiros ocorrem em decorrência dos fundamentos, como no caso do açúcar. "Um incentivo para esse tipo de investimentos é a proteção contra a inflação e desvalorização do dólar", afirma.

Por sua vez, o banco Goldman Sachs avalia que os preços de commodities vão continuar voláteis. A alta estaria "apenas no começo" e poderia ser "mesmo mais extrema" do que foi vista no passado.

Nesse cenário, a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) nota que a atividade global de operações nos mercados futuros dobrou nos últimos cinco anos, e a especulação nos mercado de alimentos influiu no nível e volatilidade dos preços em 2007 e 2008.

A FAO chama os governos a tomarem medidas no Encontro de Cúpula sobre Segurança Alimentar, marcado para novembro em Roma, para controlar a especulação nos mercados agrícolas, diante "das sérias implicações que isso tem sobre a segurança de alimentos globalmente".

A matéria é de Assis Moreira, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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