Com fundamentos de oferta e demanda em geral "altistas" para boa parte dos produtos agrícolas referenciados nas bolsas de Chicago (milho, soja e trigo) e Nova York (açúcar, café, cacau, suco de laranja e algodão), cotações descendentes de setembro a dezembro ou janeiro reagiram e deixaram como saldo um primeiro semestre de patamares de preços elevados, ainda que menores que os observados em igual intervalo de 2008.
Cálculos do Valor Data baseados em médias mensais, trimestrais e semestrais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente a de mais liquidez) negociados em Chicago e Nova York mostram recuperação dos preços a partir de janeiro, mas já sinalizam, também, perda de fôlego em junho. Diante das incertezas, poucos arriscam afirmar que será um segundo semestre de quedas, mas a possibilidade de isso acontecer é maior hoje do que em maio.
"Os fundamentos [de oferta e demanda] que sustentam os preços agrícolas nos atuais patamares são mínimos. Não fosse a hipertrofia de movimentos financeiros nesses mercados, as cotações estariam mais baixas", afirma o economista Fabio Silveira, da RC Consultores. Mas há muitas dúvidas em relação à recuperação da atividade econômica global e a safra de cereais e oleaginosas do Hemisfério Norte está em desenvolvimento e suscetível as variações do clima.
Se em maior ou menor escala todas as commodities estarão suscetíveis ao apetite dos grandes fundos de investimentos no segundo semestre, pelo menos uma delas também terá fundamentos claramente "baixistas" no horizonte de curto prazo: a soja. Em Chicago, os contratos do grão com vencimento em novembro (pós-colheita nos EUA) são atualmente negociados a patamares inferiores aos dos papéis para agosto ou setembro. O milho, que perdeu espaço para a soja nos campos dos EUA nesta safra que está em desenvolvimento (2009/10), vai na contramão e sobe no caso dos contratos futuros que vencerão depois da colheita daquele país.
As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela equipe AgriPoint.
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