A performance do setor de veículos, motos e peças (expansão de 2,2%) puxou o resultado, com crescimento de 2,2%, seguido por móveis, eletroeletrônicos e informática (alta de 0,9%). Para a Serasa Experian, o desempenho do varejo, de uma maneira geral, confirma a "atual tendência de recuperação do setor no país".
"As reduções de cargas tributárias, tanto para veículos e motos quanto para eletrodomésticos, além da gradativa normalização da oferta de crédito, estão entre os fatores que contribuíram para os desempenhos positivos destes dois segmentos do varejo no mês passado", informou a entidade.
Dos seis segmentos pesquisados, apenas supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas registrou variação negativa - o que não ocorria desde setembro de 2008. Para a instituição, a expansão de cinco segmentos significa que a recuperação do varejo não é restrita e começa a disseminar.
Crise afetou pouco os hábitos de consumo
O esperado comportamento de "manada" do consumidor de cortar as compras em resposta à crise não ocorreu da forma esperada pelas empresas de bens de consumo e prestadoras de serviços. Cerca de 40% dos brasileiros continuam consumindo normalmente. Mesmo os mais pessimistas seguem comprando, mas com pequenos ajustes. Eles dão prioridade aos itens básicos, revela uma pesquisa recém-concluída pela Officina Sophia. O objetivo do estudo foi identificar as novas oportunidades de mercado diante do cenário de crise.
A pesquisa ouviu 500 pessoas de todas as classes sociais na Grande São Paulo, região considerada espelho do comportamento de consumo do País. O levantamento identificou cinco perfis de consumidores de acordo com a forma como reagiram à crise na hora de ir às compras. Segundo Paulo Secches, presidente da consultoria e responsável pela pesquisa, dois deles, o otimista e o controlado, que juntos respondem por 40% da amostra, não reduziram os gastos com produtos e serviços. Muito pelo contrário.
"Com a crise, as empresas estavam prontas para o efeito manada no consumo e isso não ocorreu, o que suscitou dúvidas", afirma Secches. Foi exatamente para esclarecer essas dúvidas que ele realizou uma consultoria para uma empresa varejista.
Segundo o especialista, a pesquisa revelou que, ao contrário de outras crises, o consumidor reagiu desta vez de forma diferenciada. Ele atribui esse comportamento de hoje muito mais ligado às reações psicológicas do indivíduo na hora de ir às compras e assumir dívidas. No passado, o comportamento de consumo estava ligado à classe social. "Hoje o consumo está cada vez mais individualizado e o comportamento de compras da sociedade como um todo não tem uma única direção."
A grande maioria dos consumidores cuidadosos (73%) manteve as compras com supermercados e os gastos com comida, mas 82% deles reduziram as despesas com viagens e 68%, os gastos com cinema, por exemplo.
É exatamente esse comportamento, na opinião de Secches, que explica o bom desempenho do comércio varejista e das empresas direcionadas para o mercado interno, apesar da crise. "A queda no poder aquisitivo não ocorreu, os bancos estão voltando a dar crédito com juros mais baixos e prazos mais longos, o endividamento do brasileiro em relação ao PIB ainda é baixo e o calote está sob controle", diz o especialista, confiante de que o consumo doméstico vai continuar crescendo no segundo semestre deste ano.
As informações são da Folha Online e do jornal O Estado de S. Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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