A justificativa para os números contraditórios, na opinião dos técnicos André Sant'Anna e Francisco Marcelo Ferreira, é a mudança na estrutura do crédito, que deixou de ser um subsídio usado para especular com terras e no mercado financeiro para se destinar de fato à produção agrícola.
A partir dos anos 80, com a hiperinflação, o descontrole foi total. "Era um contexto de aceleração da inflação, a assunção de créditos a taxas de juros fixas baixas representava, na prática, um forte subsídio implícito aos tomadores. Estes, na prática, podiam aplicar recursos do crédito rural diretamente no mercado financeiro a taxas muito mais elevadas, realizando substanciais ganhos financeiros", mostra o estudo.
Por isso, a demanda por empréstimos rurais não condizia com a expansão efetiva da agropecuária. Só a partir dos anos 90, quando o crédito passou a ser vinculado à produção, houve retomada do crescimento agropecuário.
Ferreira ressaltou que não apenas a estrutura de crédito mudou, mas também o próprio comportamento dos ruralistas. "Temos hoje uma nova safra de empresários agrícolas. O padrão é muito diferente. Passaram a ser realmente empresários", disse o economista em reportagem de Irany Teresa para O Estado de S.Paulo.
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