Na frente financeira, o movimento do ano passado também cresceu. Todas as commodities agropecuárias movimentaram na BM&FBovespa R$ 65,77 bilhões no ano passado, 38,7% mais que em 2009, quando o movimento financeiro totalizou R$ 47,41 bilhões.
Apesar dos crescimentos, tanto em termos financeiros quanto em volume de contratos, os resultados do ano passado não superaram os recordes de 2008. Naquele ano, 3,28 milhões de contratos agropecuários trocaram de mãos na bolsa brasileira e movimentaram R$ 81,67 bilhões.
"Não chegamos ainda ao patamar de 2008, mas a liquidez voltou ao mercado. Tanto isso é verdade que chegamos ao fim de 2010 com 131 mil contratos agropecuários em aberto, o maior número da história, superior inclusive ao volume de 2008", disse ao Valor Ivan Wedekin, diretor de commodities da BM&FBovespa e diretor-geral da Bolsa Brasileira de Mercadorias.
A expectativa é que uma conjunção de fatores faça com que o mercado futuro agropecuário ganhe mais fôlego nos próximos anos no Brasil. Além da estabilidade econômica, a "financeirização" dos contratos é uma tendência. Segundo Wedekin, a criação, em 2008, do contrato de milho com liquidação financeira - sem a entrega física do produto -, seguido pelo contrato de etanol com o mesmo formato, eliminou o problema tributário que existia sobre os produtos e funcionou como uma injeção de liquidez. Em 2010, apesar de o volume total de negócios ter sido inferior ao de 2008, o milho foi o único produto que superou o desempenho daquele ano.
Apesar do crescimento e das perspectivas positivas para os futuros agropecuários no Brasil, o resultado apresentado pela bolsa nacional ainda está bem abaixo da média de outras bolsas do mundo. Segundo Wedekin, os contratos agropecuários representam apenas 0,7% do volume de negócios da BM&FBovespa. Na média das bolsas pelo mundo, os derivativos ligados ao setor representam 5,3%.
"Nosso desafio de agora em diante é integra os instrumentos de políticas agrícolas existentes com os mercados futuros. É do interesse do governo e de todos que o setor corra o menor risco possível", afirma Wedekin.
A matéria é de Alexandre Inacio, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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