Conforme a pesquisa, um em cada seis consultados nos nove maiores centros do país - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia e Brasília - disse adquirir produtos orgânicos de uma a cinco vezes por semana.
O diretor da Market Analysis, Fabián Echegaray, admite que o resultado ficou acima do imaginado. "Foi uma surpresa porque sempre se acreditou que [o consumo de orgânicos] era um nicho", comenta.
É preciso ponderar, no entanto, que o resultado se refere às pessoas que se identificam como consumidoras de produtos orgânicos, explica Echegaray. Elas têm a percepção de que são consumidoras de orgânicos, mas não necessariamente estão comprando itens produzidos de forma orgânica, isto é, em que não há a utilização de agrotóxicos e produtos químicos, e que sejam certificados por isso. Essa percepção do consumidor, segundo Echegaray, vem da categoria do produto, de sua apresentação e localização nas gôndolas.
A mesma pesquisa comparou o percentual dos que se disseram consumidores de orgânicos e os que conseguiram identificar um selo de certificação de produto orgânico. Enquanto os primeiros chegam a 17,3%, apenas 6% conseguiram identificar um selo de orgânico. Para Echegaray, o resultado da pesquisa mostra que há muito mais abertura e disposição de comprar esse tipo de produto por parte do consumidor final do que se imaginava.
Além disso, o resultado também traz um outra interpretação: o varejo precisa ser mais transparente em relação ao que está oferecendo, funcionar como uma plataforma de orientação ao consumidor, defende o executivo. "E o varejo precisa ser mais agressivo na apresentação do produto se quer associar a sua marca à sustentabilidade", acrescenta.
A pesquisa da Market Analysis não teve questões relacionadas a preço, ponto delicado quando se trata de orgânicos, tradicionalmente bem mais caros do que os produtos cultivados de forma convencional. De qualquer forma, lembrou Fabián Echaragay, levantamentos anteriores já indicaram que os consumidores estão dispostos a pagar um pouco mais por produtos que apresentem algum benefício em relação à sustentabilidade.
O levantamento mostrou também que a maioria dos entrevistados diz comprar produtos orgânicos apenas uma vez na semana. Além disso, cada vez mais, os consumidores adquirem esse tipo de produto em grandes redes de varejo. Segundo a pesquisa, 77% dos que dizem adquirir orgânicos o fazem em supermercados.
De acordo com levantamento o IBGE, 90 mil estabelecimentos praticam agricultura orgânica no Brasil, 2% do total existente. A pesquisa Monitor de Responsabilidade Social Corporativa 2009 da Market Analysis ouviu 802 pessoas entre 18 e 69 anos residentes nas nove cidades. Tem margem de erro de mais ou menos 3,5 pontos percentuais.
A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.
Alexandre Anadrade
Ribeirão Pires - São Paulo - Indústria de insumos para a produção
postado em 25/01/2010
Impressionantes, esses números! De um lado mostra que o consumidor tem interesse nesse tipo de produto, de outro mostra a pouca transparência do varejo, que cobra preços abusivos nesse tipo de item, aqui em São Paulo, por exemplo, se tem a acesso a diversos produtos orgânicos, desde carnes, frutas, cereias e sucos, até queijos, manteigas e biscoitos. Mas o varejo abusa nos valores, se compararmos um produto "convencional", o orgânico custa de duas (no caso de açúcar e sucos) até 10 vezes (no caso do feijão e do arroz, itens de primeira necessidades) mais caros. Acredito que o varejo deveria respeitar, tanto o produtor (Já que se trata de uma atividade de custos e riscos mais altos), quanto o consumidor final (sem a cobrança de valores abusivos e transparência nas informações). Percebo que o varejo é o grande monstro nesse segmento, onde oprime o produtor, além de iludir e abusar do consumidor.