“Eu já tinha a mentalidade de fazer a propriedade do meu pai render. E a ideia surgiu na sala de aula. Eu achei interessante a criação de cabras, estudei e comecei a investir”. Toledo começou com duas cabras que produziam 4 litros de leite por dia. Em quatro anos, o criador aumentou o rebanho em mais de 1000%. Hoje, ele cria mais de 20 cabras. A produção é de mais de 20 litros por dia. Na universidade, Toledo também aprendeu a fazer inseminação artificial. Das cabras que ele cria, 10 nasceram por inseminação, processo feito por ele mesmo. A estratégia é criar cabras com maior capacidade leiteira. As cabras para o criador, são como animais de estimação e têm até nomes de artistas. Ele faz carinho, dá “só comida boa” e se preocupa com o manejo. Para tirar o leite, ele mantém a cabra isolada. “O bode tem um cheiro forte e se ele ficar por perto pode impregnar o leite e prejudicar a venda”, justifica.
Parte do leite tirado é vendido diretamente para o consumidor, que vai comprar o produto na propriedade de Toledo. A outra parte é vendida na feira de Palmas. A família do jovem também aproveita a produção para fazer queijo de leite de cabra. O alimento é produzido na Chácara Nossa Senhora Aparecida, na capital. Duas vezes por semana, os pais do jovem, que também criam gado, porcos e galinhas, vão até a feira vender o leite e o queijo.
Segundo o jovem, cerca de 20 queijos de leite de cabra são vendidos mensalmente, sob encomenda. O jovem tira o leite e a família trabalha no processo de fabricação do queijo. “O processo é o mesmo do queijo comum, mas este tem um sabor diferente, é mais fino, mais suave, não tem gosto forte”, conta o jovem.
O queijo do leite de cabra custa 40% a mais que o queijo feito com leite de vaca. O preço é justificado por causa do material primário, o leite de cabra, que é caro e mais difícil de ser encontrado, segundo a mãe do jovem Elvira Aparecida Rodrigues. “O queijo tem um sabor diferente, para temperar colocamos salsa, cebolinha, pimenta de cheiro, cheiro verde e orégano”. Ela argumenta que as pessoas procuram pelo queijo de leite de cabra, mas que na propriedade não há animais suficientes que produzam a quantidade necessária de leite. Já o jovem empreendedor argumenta que o produto não é mais vendido por falta de tempo e mão de obra. “Nós temos demanda, mas eu preciso me dedicar mais. Além disso, a mão de obra especializada no tratamento de caprinos é escassa e não encontramos pessoas dispostas a lidar com a atividade”. Apesar dos empecilhos, o empreendedor acredita que no futuro vai lucrar ainda mais com a atividade.
Desafios da atividade no Tocantins
A criação de cabras leiteiras começou em 2002 no Tocantins. Cerca de 10 produtores foram beneficiados com uma linha de financiamento do Banco da Amazônia para ajudar no desenvolvimento da atividade. No mesmo ano nasceu a Associação de Pequenos Produtores de Leite de Cabras de Palmas (Ascabra). Segundo o presidente Adão Rocha Rego, a atividade é promissora, mas enfrenta desafios.
De 2002 para cá, 30 produtores passaram a desenvolver a caprinocultura, sem contar com outros criadores de assentamento que trabalham com a atividade, mas não geram lucros. No estado, há 250 cabeças leiteiras e a produção de leite gira em torno de 150 litros de leite por dia. “A princípio essa atividade é complementar, nenhum criador consegue viver só dela. Para que ela crescesse mais, teria que haver uma mudança de paradigmas”.
A mudança que o presidente se refere é no consumo do leite. Segundo ele, as pessoas ainda não têm o hábito de consumir o leite de cabra. “O leite ainda é visto como remédio. Quando o leite de cabra for, de fato, inserido na alimentação diária das pessoas, haverá um maior crescimento na produção”.
O zootecnista Helio Sousa, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), também afirma que a atividade ainda encontra empecilhos para alavancar no estado. Segundo ele, o desenvolvimento da atividade se esbarra no baixo consumo e no alto preço do produto, além disso, a produção do leite poderia ser maior, de acordo com o profissional. “A caprinocultura ainda não pode ser uma atividade primária. O adequado é que a atividade seja secundária, para pequenos produtores e ideal para jovens que querem a inserção no mercado”.
Ainda de acordo com Sousa, o consumo do leite de cabra, que a propósito, possui um valor nutritivo maior que o do bovino, poderia ser estimulado. “A preferência da população ainda é para o leite bovino. Para estimular o consumo, poderíamos ter campanhas, o produto também poderia ser acrescentado à merenda escolar”. Mas o zootecnista diz que não há nenhum projeto neste sentido no Tocantins e que deveria haver um esforço entre produtores, Estado e outras instituições no sentido de popularizarem o leite de cabra.
As informações são do G1, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
GUILHERME BENKO DE SIQUEIRA
Monte Santo de Minas - Minas Gerais - Produção de ovinos de corte
postado em 09/08/2014
Olá Itamar, parabéns pelo empenho no setor da caprinocultura.
Além de Produtor Rural também sou Professor e Zootecnista na Universidade Federal do Tocantins (UFT Palmas- TO). Temos muitos trabalhos na área de produção animal com pequenos ruminantes. Também atuamos com projetos de pesquisa com tecnologia e processamento de produtos de origem animal junto à Engenharia de Alimentos. Gostaria de convidá-lo a vir nos conhecer e se houver interesse poderemos desenvolver um trabalho em conjunto. Grande abraço! Prof. Guilherme Benko (63) 8442-1210.