Fechar
Receba nossa newsletter

É só se cadastrar! Você recebe em primeira mão os links para todo o conteúdo publicado, além de outras novidades, diretamente em seu e-mail. E é de graça.

Crise dos alimentos: pior momento "já passou", diz ONU

postado em 28/07/2008

6 comentários
Aumentar tamanho do texto Diminuir tamanho do texto Imprimir conteúdo da página

 

O pior da crise dos alimentos já passou e a América Latina "está se consolidando como a grande produtora de alimentos do planeta", na opinião de José Graziano da Silva, diretor regional para a América Latina e o Caribe da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).

"Neste momento, acreditamos que as perspectivas (sobre uma solução para a crise) são muito boas. Nos dá a impressão de que o pior já passou", disse Graziano em entrevista à BBC Brasil. Segundo ele, os preços dos principais produtos, como o trigo e o arroz, estão se estabilizando e que "a produção de quase todos os cereais tem registrado um crescimento muito significativo e espera-se alcançar um recorde mundial em 2008".

Depois de meses de manchetes alarmantes sobre o aumento contínuo dos preços dos alimentos, a FAO acredita que a situação mundial de oferta e demanda melhorará graças a um aumento da produção mundial de cereais de 2,8%. Segundo Graziano, esse aumento na produção será especialmente marcante na América Latina, onde ficará em torno de 5,7%. "Os países do Mercosul, incluindo o Brasil, têm aumentando sua produção, o que tem contribuído para frear a escalada dos preços", afirmou.

No entanto, a América Latina vive um paradoxo, já que produz mais do que consome e "os mais pobres são os pobres do campo, que são os que produzem os alimentos". Para ele, a solução está em políticas de proteção aos setores mais vulneráveis e no estímulo à agricultura familiar.

"A alta nos preços dos alimentos pode representar uma oportunidade de melhora das receitas. Isso se os países têm políticas de apoio à agricultura familiar, às infra-estruturas nas zonas rurais", afirmou.

Sobre a inflação, o diretor da FAO disse que o grande problema na América Latina é que ela afeta os pobres em dobro. "A inflação média na região está em cerca de 6%, mas o impacto sobre os mais pobres chega a 12% e isso acontece porque a maior parte de sua renda vai para o consumo de alimentos", afirmou.

Mesmo assim, Graziano afirma que o impacto que as medidas antiinflacionárias terão sobre o crescimento é ainda mais preocupante. "A maior parte dos bancos centrais, por recomendação das instituições financeiras internacionais, começaram a aumentar as taxas de juros. Isso vai afetar o crescimento, e o crescimento para a América Latina é vital", afirmou.

Segundo Graziano, a FAO reconhece que os combustíveis têm tido um impacto importante no aumento dos preços dos alimentos, mas afirma que é preciso esclarecer a que tipo de biocombustível a organização se refere. "A FAO reconhece dois tipos de impacto: o primeiro seria o aumento do consumo do milho nos Estados Unidos para a produção do álcool e o segundo é o aumento do consumo da colza, que se utiliza na Europa para a produção de biocombustíveis", afirmou. "Por outro lado, nós não temos verificado um impacto significativo do uso da cana-de-açúcar', completou.

Apesar das boas expectativas para a solução da crise, Graziano afirma que nos países que têm baixas receitas, como os africanos, "não houve um aumento tão significativo da produção, e continuará existindo uma pressão dos preços no número de pessoas famintas".

A longo prazo, o diretor da FAO acredita que o mundo terá condições de produzir o suficiente para alimentar mais pessoas. "A FAO estima que para o ano de 2050 vamos ter de duplicar a produção alimentar para atender a uma população de 9 bilhões de pessoas, mas acreditamos que isso será possível", afirmou.

Avalie esse conteúdo: (e seja o primeiro a avaliar!)

Comentários

osmailson Silva araujo

Piritiba - Bahia - Produção de leite
postado em 28/07/2008

Essas informações reafirmam que estamos passando pela crise do leite e que nossos governante poderiam incluí-lo na merenda escolar. Precisamos urgente da normativa 51 em nosso estado. Eu acredito que aumentará o consumo do leite pasteurizado e em pó e as grande empresas irão remunerar melhor o produtor que estiver organizado.

edson brasil filho

Aracaju - Sergipe - Produção de gado de corte
postado em 28/07/2008

É importante atentarmos para duas vertentes que nos apresenta esta situação. A primeira é a falsa afirmação com relação aos biocombustíveis produzidos no Brasil a partir da cana de açucar.

Ora, se a produção brasileira de grãos prevista para esta safra, está com perspectiva de estabelecer novo recorde em quantidade produzida, é obvio que não existe nenhuma influência negativa desta gramínea na produção de alimentos, mais especificamente de grãos.

A segunda é o aumento que decorreu na cotação dos insumos necessários à produção, especialmente adubos, e que não demonstra nenhum sinal de arrefecimento, até por conta da quase absoluta necessidade de importação destes insumos.

Assim sendo, e percebendo a consistente desvalorização dos principais produtos, a pergunta que fica é: como se comportará a próxima safra de grãos, com o estreitamento cada vez maior das margens de comercialização. Certamente que a diminuição da safra de grãos, que certamente advirá, provocada pelo desestímulo do produtor, será creditada ao aumento da área da cana (alguém tem de ser responsabilizado pelo governo), e desta forma este continuará tendo como sempre que resolver sozinho os seus eternos problemas.

Antonio Pereira Lima

Campo Grande - Mato Grosso do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 28/07/2008

Quando termina a crise dos alimentos, começa a crise dos produtores de alimento, a produção é aplaudida o produtor ignorado.

Na opinião do Sr José Graziano da Silva, que aplaude a queda de preços dos produtos ignorando a alta dos insumos, dá para ter uma idéia o que representa o produtor para esta tal de FAO.

O impacto dos combustíveis, para a nossa realidade, tem sido no aumento dos custos de produção e não no aumento dos preços dos produtos, combustível para nós é óleo diesel, ainda não inventaram outra "colza", e está caríssimo.

As pessoas famintas da África, principalmente as mães, devem ter sentido um alívio ao saberem que em 2050, de acordo com a FAO, o mundo terá condições de alimentar a todos.

Bruno Augusto de Oliveira

Ponta Grossa - Paraná - Frigoríficos
postado em 29/07/2008

É muito facil colocar a culpa da "crise de alimentos" na produção de cana de açucar para atender ao mercado de alcool.

Se pensarmos bem podemos achar outro ponto significativo, como a fabricação de alcool através do milho por parte dos americanos que tornou o alcool muito popular, concretizando uma imagem de energia renovável e menos poluente.

Os países produtores de petróleo acabaram se sentindo amaeaçados aumentando significadamente o preço do barril juntamente de uma das matérias primas do adubo, tentando assim dar um solavanco na cadeia produtiva da cana e respingando em outros setores de produção.

Devemos achar as raízes do problemas que, as vezes, estão mais fundas do que pensamos.

Natalino Rasquinho - Zootecnista UNEAL

Nova Odessa - São Paulo - Mestre em Produção Animal Sustentável - IZ
postado em 30/07/2008

Sabemos que grande parte da produção de primeira necessidade como feijão e arroz advêm da agricultura familiar, ou seja, os menos favorecidos que segundo o diretor da FAO são os que sentem mais com a crise.

Acontece que a política que envolve a agricultura familiar está desassistida pelos orgãos públicos, falta o assistencialismo tão prometido pelo governo e que muitos não conseguem o financiamento de sua safra frente as instituições financeiras justamente pela falta desta assitêcia técnica precária.

Como disse o colega Antônio Pereira Lima, de Mato Grosso do Sul, "Quando termina a crise dos alimentos, começa a crise dos produtores de alimento, a produção é aplaudida o produtor ignorado".

Falta política pública atuante, deve-separar de fazer de conta, resultados são sempre bem vindos, "desde que a cadeia produtiva estaja com sua base forte". Senão vamos continuar com a crise do leite, da carne, do óleo, do feijão e muitas outras que espero realmente que acabe.

lincoln santiago

Belo Horizonte - Minas Gerais - Produção de leite
postado em 02/08/2008

O produtor de leite está sendo explorado como pode; precisar de 3 litros de leite para comprar 1 litro de gasolina é um verdadeiro absurdo. Nao existe crise dos alimentos.

Quer receber os próximos comentários desse artigo em seu e-mail?

Receber os próximos comentários em meu e-mail

Envie seu comentário:

3000 caracteres restantes


Enviar comentário
Todos os comentários são moderados pela equipe FarmPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

Copyright © 2000 - 2024 AgriPoint - Serviços de Informação para o Agronegócio. - Todos os direitos reservados

O conteúdo deste site não pode ser copiado, reproduzido ou transmitido sem o consentimento expresso da AgriPoint.

Consulte nossa Política de privacidade