Consultado sobre as causas dessa situação, o operador, Manuel Cardona, especialista no setor ovino, comentou que no ano passado poucos negócios foram feitos com a categoria das ovelhas, visto que os preços internos estavam mais altos do que os atuais, o que dificultou as exportações por parte dos frigoríficos. Como em 2012 os produtores estavam insatisfeitos com os valores oferecidos, os estoques estufaram. Essa é uma das razões para o aumento ocorrido atualmente.
O presidente do Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL), Joaquín Martinicorena, disse que o aumento nos abates com relação a 2012 se sustentará ao longo do ano, mesmo que em ritmos menores comparado ao primeiro quadrimestre. “Uma das grandes razões para que os abates sigam em alta é que os do ano passado foram baixos. Isso ocorreu porque após uma boa safra de cordeiros registrada em 2011, em 2012 os excessos hídricos acabaram tornando os processos de produção mais lentos, de forma que a oferta de ovinos acabou sendo escassa”.
Além dos valores que não ajudaram nas transações, como explicou Cardona, a entrada da China como compradora foi um fator decisivo, pois o país teve importante participação a nível mundial em geral e para o Uruguai em particular.
A demanda do gigante asiático superou a baixa nas compras da União Europeia (UE). Os preços pagos na Europa não sofreram grandes recuos, porém, a demanda caiu bastante. A crise econômica está afetando o mercado das matérias-primas, e, entre elas, as alimentícias. Nesse contexto, a carne ovina não é exceção.
Apesar do aumento nas compras da China, que substituiu a UE no segundo lugar, o Brasil segue sendo o maior importador de carne ovina uruguaia. A “forte” entrada da China no mercado de carne ovina é uma amostra a mais de que esse país toma cada vez mais relevância na exportação de matérias-primas uruguaias, tornando-se hoje o maior comprador de lã, soja e carne bovina, ameaçando se tornar também o maior comprador de carne ovina.
Outro fator mencionado, ainda que de menor relevância, para o aumento nos abates são os casos de diminuição, ou diretamente de liquidação, dos rebanhos ovinos, que estão sendo registradas em alguns estabelecimentos agropecuários. “No melhor momento de preços, ou seja, entre 2011 e 2012, muitos produtores apostaram na retenção de ovelhas. Hoje, essa categoria já não é tão rentável como antes e os sinais de que essa situação mudará não estão tão claros. Por isso, estão sendo enviados exemplares aos frigoríficos, já que são animais de maior idade e, portanto, os menos úteis no processo produtivo”, explicou Martinicorena.
Ele também afirmou que a atual rentabilidade do setor não é ruim, porém, não é o que os produtores esperavam. Isso fez com que os ovinocultores, que realizaram um grande esforço para recompor seus rebanhos ovinos, se desiludissem e decidissem abandonar essa prática, enviando animais aos frigoríficos.
Embora as ovelhas tenham sido a categoria de maior crescimento com relação aos abates, o aumento na entrada de ovinos nos frigoríficos ocorreu nos diferentes tipos de exemplares. Até 27 de abril desse ano, foram abatidos 388.078 ovinos, contra 226.135 no ano passado. O aumento nas ovelhas foi de 125%, totalizando 133.629 animais abatidos, frente a somente 59.365 nos primeiros quatro meses de 2012. Com relação aos capões, o aumento foi de 50%, aumentando até 54.303 exemplares que entraram nos frigoríficos. No caso dos cordeiros, o aumento foi de 44%, chegando a 159.666 animais, e, nos borregos, 108%, com um total de 38.564 animais abatidos. Por último, os carneiros tiveram aumento de 40%, para um total de 1.916 animais enviados aos frigoríficos.
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A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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