O BC informou que a decisão foi tomada com base no ambiente de maior incerteza econômica, provocado pelo agravamento da crise externa. "Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, em ambiente de maior incerteza, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, sem viés", diz a nota.
O Copom tomou a decisão sob forte pressão, que se intensificou nas últimas semanas, conforme aumentavam os sinais de gravidade da crise financeira. Foi determinante na decisão a expectativa de que a crise mundial afetará a atividade econômica.
Esse efeito contracionista do cenário externo já havia sido apontado pelo grupo minoritário do Copom na ata da reunião de setembro, entretanto, a decisão de aumentar em 0,75% a taxa texa Selic, naquele momento, ocorreu antes da quebra do Banco Lehman Brothers, em 14 de setembro, que inaugurou a fase mais aguda da crise. De lá para cá, as linhas externas de crédito secaram e o Brasil teve de conviver com um problema sério de falta de liquidez, que levou o BC a injetar R$ 45 bilhões no mercado neste mês.
Nesse cenário, prevaleceu o temor de que um maior aperto da política monetária poderia agravar os efeitos da crise externa na economia, com impacto no emprego e na renda.
"Vamos ver se o Copom vai fazer o que o (vice-presidente, José) Alencar quer", disse Lula, preocupado com a decisão. Alencar é ferrenho defensor da queda dos juros e ontem voltou a criticar o BC. Em encontro com industriais, disse que o Brasil está bem economicamente, "apesar da política monetária".
O economista-chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani, chamou atenção para a expressão "neste momento" do comunicado, que indica que o BC vai aguardar novas informações para decidir os próximos passos. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, concordou. "Agora não tinha sentido o BC movimentar a Selic para cima ou para baixo", afirmou.
A matéria é de Fabio Graner, Fernando Nakagawa e Leonêncio Nossa, publicada no jornal O Estado de S.Paulo.
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