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Doha: EUA segue na defensiva buscando proteção

postado em 19/10/2009

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Os Estados Unidos se tornaram mais defensivos na negociação agrícola da Rodada Doha, querendo agora mais proteção para seus agricultores, numa mudança de posição que alarma países exportadores como o Brasil. Washington está cada vez mais enterrando a já combalida negociação para a liberalização global de comércio, primeiro aumentando a cobrança para o Brasil, China e India abrirem setores como químicos, máquinas, servicos de saude, e agora também querendo diminuir o acesso a seu mercado na parte agrícola.

A nova postura foi manifestada em encontro com 14 grandes países exportadores e importadores realizado na Organização Mundial do Comércio (OMC) na semana passada. Até então, os americanos sempre estiveram ao lado daqueles que procuravam reduzir o número de produtos que podem ser declarados "sensíveis" e com isso terem corte tarifário menor.

Desta vez, os representantes dos EUA disseram que a Casa Branca estava sob pressão do setor agrícola doméstico, que considera que os EUA já ofereceram demais na negociação e em troca obtiveram pouco ganho para suas exportações.

A posição americana foi bem recebida pelos que estão na defensiva na agricultura, como os países europeus, Coreia do Sul, Japão e Canadá. Ou seja, Doha, destinada a liberalizar, está deslizando para mais proteção. Brasil, Argentina, Uruguai, Austrália e Nova Zelândia rejeitaram enfaticamente as demandas. O Brasil insistiu que a expansão de cotas tarifárias deve ser de pelo menos 10% do consumo doméstico do país importador protecionista que quiser designar mais produtos como sensíveis.

O único acordo entre os negociadores foi de que tudo isso precisa ser decidido politicamente. Mas tampouco isso deve ocorrer na conferência ministerial da OMC marcada para 30 de novembro a 2 de dezembro em Genebra, inclusive porque os EUA até hoje cobram concessões, mas não estão realmente engajados em barganhas.

Para alguns analistas, a Rodada Doha só terá fim com uma nova agenda de temas, no caso mais otimista depois de 2011. O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, abandonou seu habitual otimismo profissional e é cada vez mais discreto sobre a eventualidade de um acordo global em 2010. Lamy vem alertando sobretudo para o aumento de pressões protecionistas num cenário de persistente alta do desemprego nos países mais atingidos pela crise econômica global.

A matéria é de Assis Moreira, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

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