O Brasil e outros países emergentes darão uma mensagem de que está na hora de o governo americano mostrar o que está disposto a fazer para abrir seu mercado e, sobretudo, reduzir os subsídios agrícolas. O encontro, que ocorre com a participação do chanceler Celso Amorim, foi organizado para tentar dar um sinal ao G-20 (grupo das 20 maiores economias) e visa a oferecer à cúpula do grupo visões do que fazer para avançar com Doha, em crise.
O Itamaraty deixa claro que está insatisfeito com o comportamento do presidente Barack Obama que, em nove meses, ainda não deu sinal de qual será sua política comercial.
A esperança, em Nova Délhi, é de que a Casa Branca finalmente revele sua estratégia. Para o secretário de Comércio da Índia, Rahul Khullar, a meta da reunião é garantir que todos voltarão a negociar "de boa-fé".
Mas Roberto Azevedo, embaixador do Brasil na OMC, alerta que os EUA não têm cumprido nem as regras do passado, o que põe em risco a credibilidade das novas negociações que já duram oito anos. Nos EUA, os subsídios ilegais para alguns setores cresceram de US$ 1,3 bilhão em 2006 para mais de US$ 4,6 bilhões neste ano.
O motivo teria sido a queda na renda do agricultor, causada pela redução dos preços de commodities e o desabamento no consumo mundial. "Os subsídios aumentaram de forma impressionante", afirmou Haroldo Cunha, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão.
No setor de carnes, os subsídios americanos ainda estão deslocando as exportações brasileiras em terceiros mercados. Mas, em seus discursos, os americanos dão uma versão diferente. "Dezenas de ministros estão trabalhando o máximo que podem para permitir uma conclusão da Rodada", afirmou Ronald Kirk, representante de Comércio dos Estados Unidos.
Na Europa, a queda dos preços de commodities levou agricultores a protestar nas ruas de Bruxelas, principalmente representantes do setor do leite. A Comissão Europeia retomou alguns dos subsídios que havia prometido eliminar. Nesta semana, a comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, anunciou que o setor lácteo receberia 4 bilhões suplementares em ajuda.
A pressão por barreiras também aumenta. Nesta semana, a Associação Irlandesa de Produtores de Carne enviou uma carta à Comissão Europeia pedindo o fechamento total do mercado europeu para a carne bovina brasileira.
A matéria é de Jamil Chade, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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