De acordo com ele, a percepção de que o Brasil passou bem pela fase pior da crise de confiança fez o real ganhar participação na cesta de moedas dos países emergentes montada pelos investidores internacionais, que agora estão reduzindo sua aversão ao risco e partindo em busca de outros ativos que não sejam em dólar. "O real não responde mais somente a fatores de conta corrente ou internos e o Banco Central deveria ficar atento a isso", afirmou o economista e engenheiro.
"A percepção do mercado é de que o Brasil é um dos emergentes mais sólidos e por isso deveremos mesmo ter um dólar mais fraco com relação ao real", concorda Ilan Goldfajn, economista do Itaú Unibanco, que promoveu o evento. Mas ele considera pouco provável que a moeda chegue a R$ 1,80. Segundo ele, o principal fator a manter a imagem positiva do Brasil foram as contas externas, principalmente as reservas internacionais elevadas e suficientes. "Nós criticamos o custo de carregamento dessas reservas, mas agora vimos como elas foram importantes", afirmou ele.
Luiz Fernando Figueiredo, também ex-diretor do BC e sócio da Mauá Investimentos, prefere não citar números, mas também acredita que o dólar possa cair abaixo de R$ 2. Ele concorda que o Brasil foi um dos escolhidos pelos investidores externos em meio à crise e, além disso, segundo ele, ainda mantém juros internos reais elevados diante dos padrões de juros negativos nos países ricos.
Como o real mais forte torna as exportações brasileiras menos competitivas e as importações mais baratas, há quem acredite que o superávit comercial poderá voltar a cair e provocar um novo ajuste do câmbio. Para Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander, o real no curto prazo pode ficar mais forte, pois o país tende a ver sua economia crescendo mais do que a mundial. Mas, com o ajuste nas balanças comercial e de transações correntes, a moeda brasileira poderá se desvalorizar "de forma controlada" e fechar o ano na cotação de R$ 2,40 a R$ 2,50.
Instigado por pergunta da plateia, Mendonça de Barros defendeu a injeção de recursos do Tesouro no BNDES para combater a crise. "Sou um grande fã do BNDES", afirmou, para completar: "Comi o pão que o diabo amassou com o Malan e a turma dele, que queriam fechar o BNDES", disse, referindo-se ao ex-ministro do Fazenda, Pedro Malan.
A matéria é de Cristiane Perini Lucchesi, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.
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