No longo prazo, os Estados Unidos devem enfrentar o fato de inevitavelmente serem ultrapassados pela China como a maior economia do mundo. E Washington pode ter perdido a chance de controlar suas maiores instituições financeiras, muitos das quais continuam "grandes demais para falir" e são cada vez maiores.
Por um lado, Martin Feldstein, da Universidade de Harvard, disse acreditar que as perspectivas de crescimento econômico dos EUA em 2011 são menos positivas do que muitos acreditam. Primeiro, o impulso para o crescimento de gastos do governo acabará neste ano, disse ele. A renovação de cortes de impostos nada mais é do que uma decisão para não aumentar os impostos e o impacto da redução de um ano nos pagamentos ao fisco pelos contribuintes provavelmente será modesto, afirmou.
"Realmente não há muita ajuda vinda da política fiscal no próximo ano", segundo Feldstein. Ele acrescentou que as preocupações com a terrível situação dos governos estaduais e municipais podem realmente ser um entrave ao crescimento.
O crescimento teve algum amparo por conta de uma menor taxa de poupança em 2010, mas que provavelmente não vai perdurar neste ano, conforme as famílias se mostram preocupadas com o retorno de um futuro incerto antes de voltarem a somar dívidas, Feldstein acrescentou. A queda preocupante nos preços de moradias significa que há menos para poupar, disse. "As pessoas estão preocupadas, então há uma forte razão para uma poupança por precaução."
Por outro lado, há a corrida com a China e as economias dinâmicas da Ásia, incluindo Índia. A maioria das estimativas aponta para que a economia chinesa alcance o tamanho da norte-americana por volta da década de 2020, disse Dale Jorgenson, também de Harvard.
Jorgenson vê os mercados emergentes da Ásia como os mais dinâmicos do mundo, ofuscando outros candidatos, como Brasil e Rússia, que deverão registrar crescimento constante ao longo da próxima década. "A ascensão da Ásia em desenvolvimento vai acompanhar o crescimento econômico mundial mais lento", afirmou.
Os Estados Unidos terão de lidar com o fato de que a sua prevalência no mundo está fadada a terminar, disse Jorgensen. Será difícil para muitos norte-americanos engolir isso, e os EUA devem se preparar para a agitação social em meio à culpa sobre quem foi o responsável por desperdiçar a primazia global, disse ele.
Simon Johnson, do MIT, esclarece tal visão, dizendo que os prejuízos da crise financeira e suas consequências golpearam os EUA permanentemente. "A era do predomínio norte-americano acabou", disse Johnson a um painel. "O iuan (da China) será a moeda de reserva mundial dentro de duas décadas."
Johnson disse acreditar que os Estados Unidos não conseguiram aprender a lição com a crise financeira e continuam implicitamente amparando suas maiores instituições financeiras.
"Estou preocupado com o excessivo poder dos maiores bancos globais", disse ele. "Quem são as empresas patrocinadas pelo governo agora? São as seis maiores holdings bancárias."
Raghuram Rajan, economista e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), agora trabalhando na Escola de Negócios da Universidade de Chicago, ainda consegue vislumbrar um papel de liderança permanente dos EUA. Segundo ele, nada segue em linha reta, e há muitas armadilhas no caminho até mesmo para dinâmicas economias asiáticas.
"Diria que a era do domínio norte-americano pode estar chegando ao fim. Mas a América continuará como maior força do mundo por um longo tempo."
A matéria é da Agência Estado, adaptada pela Equipe AgriPoint.
Marcello de Moura Campos Filho
Campinas - São Paulo - Produção de leite
postado em 10/01/2011
Numa reportagem sobre a crise de 1929 me chamou a atenção a declaração de uma pessoa idosa:"não consigo entender como ontem dormimos tão ricos e hoje acordamos tão pobres."
Na realidade havia apenas uma ilusão de riqueza alimentada pela especulação financeira. mas a lição não foi aprendida. A criação de uma sociedade de consumo e do"american way of life" levaram os americxanos a levar uma vida muito acima da real riqueza disponível. Nova crise. E haverá outras, até que a vida nos USA se ajuste à realidade da riquezao país. É duro passar de cavalo a burro, mas de certa forma isso vai acontecer lá, pois o decrescimo da atividade econômica será inevitável, mas continuará uma grande potência.
Por outro lado a China tão pobre só teria a crescer. Qualquer melhoria no poder aquisitivo numa população pobre e imensa representa um valor econômico enorme. O crescimento da economia chinesa também será inevitável.
China e USA serão nos próximos 20 anos os pesos pesados da economia mundial, e é muito importante que os outros participantes estejam atentos aos movimentos desses dois gigantes.
Marcello de Moura Campos Filhoi.