Teremos boas safras no Brasil e nos Estados Unidos, o que assegurará o suprimento de milho, soja e farelo de soja para a transformação em proteína animal. Os custos de produção aumentarão - especialmente em face do encarecimento da energia elétrica, do diesel e de outros insumos - e as operações financeiras terão encargos mais pesados, com juros mais altos e menor oferta de crédito.
O segmento de carnes viverá um bom ano com crescentes exportações de carnes bovina, suína e de aves. A eclosão de epizootias e em alguns países continuará favorecendo o Brasil, que aproveitará os resultados da conjugação de vários fatores: qualidade reconhecida, preço competitivo potencializado pelo câmbio favorável, capacidade de produção e relativa escassez de carne no mercado mundial. Novos mercados surgirão no continente asiático; a China voltará a crescer acima de 7% e a Índia caminha para se tornar grande parceiro comercial.
Apesar desse quadro de otimismo, a produção de carnes no Brasil não aumentará e a base produtiva continuará no mesmo nível. Os produtores e as indústrias atingiram um saudável ponto de equilíbrio, resultado da aprendizagem -depois de décadas de erros - sobre os efeitos perversos da gangorra (picos de alta e de baixa produção na proporção inversa de altos e baixos ganhos).
Obstáculos à exportação continuarão sendo as nossas deficiências logísticas. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, entre 148 países pesquisados, o Brasil está em 71o lugar em termos de infraestrutura, na educação e treinamento de mão de obra, em 72a posição e em eficiência de mão de obra, 92o lugar.
Por isso, é um fato extraordinário a agropecuária nacional exportar mais de 100 bilhões de reais por ano e, assim, literalmente salvar a balança comercial brasileira. Esse desempenho ocorre apesar da falta de incentivo, da péssima infraestrutura, dos gargalos logísticos e da restritiva legislação. O Brasil é o único País do mundo onde a legislação ambiental exige reserva legal. É o segundo País do mundo em cobertura florestal original nativa que está em 56%, enquanto a Europa mantém apenas 0,1% de cobertura florestal.
O texto é de Mario Lanznaster, presidente da Aurora Alimentos .
claudir jorge kuhn
Toledo - Paraná - Produção de leite
postado em 08/01/2015
Se não for a agricultura, qual outro setor para segurar as pontas?