As cabritas eram gêmeas idênticas, nascidas a partir de um mesmo embrião que foi dividido em dois hemi-embriões e transferidos para uma mesma fêmea. "Na época, não tínhamos um aparelho micromanipulador. Adaptamos uma lâmina de barbear presa a uma pipeta Pasteur e com uso de uma lupa, passamos a dividir os embriões" recorda ela. Nove pares de hemi-embriões foram transferidos para nove fêmeas receptoras, com uma delas dando origem às gêmeas Iracema e Ceci (que morreu com quatro meses de idade) e uma outra a um cabrito da raça Boer, chamado de Poti.
A técnica utilizada pela Embrapa Caprinos e Ovinos, por ser de simples execução e baixo custo, permitiu sua utilização em propriedades rurais que incluíam a transferência de embriões em sua rotina. Com a bipartição, há a possibilidade de uma maior quantidade de crias após colheita e transferência de embriões, bem como maximizar o uso dos embriões colhidos, ao permitir a transferência real de apenas um embrião na forma de dois hemi-embriões.
"Nós já trabalhávamos com tecnologias de embriões para caprinos como criopreservação e a superovulação. Técnicas como a superovulação já permitiam o aumento do número de crias, mas a bipartição pôde aumentar ainda mais", recorda Alice Andrioli, pesquisadora da área de reprodução animal da Embrapa Caprinos e Ovinos. Segundo Hévila, outra vantagem da técnica para a pesquisa é que a geração de animais experimentais idênticos pode servir para testes variados, como a aplicação de medicamentos e drogas.
Hévila recorda que o nascimento dos animais em 2001 teve grande repercussão entre a comunidade científica para um reconhecimento da equipe de pesquisa da Embrapa Caprinos e Ovinos, fornecendo visibilidade aos trabalhos desenvolvidos pela Unidade para reprodução animal de pequenos ruminantes. "Todo o esforço dispensado resultou em uma vitória", destaca ela.
As informações são da Embrapa Caprinos e Ovinos, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
Envie seu comentário: